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EIXO 3 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, TÉCNICA, TECNOLÓGICA E SUPERIOR
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
e a EJA. Quando entrei na sala de aula, percebi que aquele
contexto era muito diferente do que eu já havia experimen-
tado. Somado a este fato, durante a minha formação, pouco
se falou dessa modalidade. Dessa forma, frente ao novo ce-
nário educacional, tive a ideia de pedir aos estudantes que
tomassem um pedaço de papel e me contassem um pouco
sobre quem eram e como haviam chegado até ali.
Esse primeiro exercício tinha o intuito de realizar uma
sondagem das habilidades de escrita, bem como trazer sub-
sídios para que eu entendesse melhor quem eram aquelas
pessoas. Entretanto, o resultado foi surpreendente: a escrita
foi intensa, bem como a leitura dos textos no dia seguin-
te. Num primeiro momento, percebi a urgência de dar voz
àquelas pessoas. Elas queriam o direito de serem ouvidas e
respeitadas pelas suas histórias de vida e pela sua sabedoria,
mas não encontravam (ou encontravam pouco) espaço den-
tro do ambiente escolar.
Eu acreditava (a ainda acredito) na ideia da narrati-
va da trajetória de vida como oportunidade de ressignificar
vivências (provocada por minhas experiências de vida e pe-
los estudos realizados no mestrado em Educação) e estava
atenta às palavras de educadores de referência do nosso
país (destaco, especialmente, Paulo Freire). Também me
preocupava com o propósito pedagógico, pois, tratando-se
de um ambiente educacional, percebia muitas demandas re-
lacionadas à aprendizagem de Língua Portuguesa. Foi quan-
do decidi criar um projeto que valorizasse o conhecimento
de vida de nossos/as alunos/as, assim como respeitasse as
demandas do currículo da disciplina.
Julgo necessário destacar que o nosso câmpus está
localizado na região metropolitana de Porto Alegre (RMPA),
na área chamada de Vale dos Sinos. Sapucaia do Sul é um
município eminentemente de periferia urbana, industrial e
dormitório. Além disso, a maioria da sua população é consti-
tuída por migrantes do interior do RS ou de outros estados,
vindos (em grande parte) devido ao processo de industria-
lização da região ocorrido na década de 80. Devido a essa