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EIXO 16 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ÉTICA E ESPIRITUALIDADE
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
terminismo e não como possibilidade. Diante dessa visão de
mundo fatalista não há outro caminho para o Brasil, México,
Argentina, Chile e outros países periféricos a não ser ado-
tar o caminho “imposto” pelos países do Primeiro Mundo.
Mesmo que as realidades sejam profundamente diversas, e
que cada economia se encontra em um estágio próprio de
desenvolvimento, a globalização professa a necessária aber-
tura de todos os países à livre concorrência mundial. Por
trás desses planos, os mecanismos do sistema financeiro,
articulados com os interesses estratégicos das economias
centrais, passa a impor o ritmo desse processo perverso de
concorrência desleal e ditam as regras para o
capital espe-
culativo
fazer suas apostas deixando a maioria dos países
periféricos cada vez mais frágeis e, por isso mesmo, “menos
emergentes”.
A ‘andarilhagem’ gulosa dos trilhões de dólares
que, no mercado financeiro, ‘voam’ de um lugar
para o outro com a rapidez dos faxes , à procura
insaciável de mais lucro não é tratada como fatali-
dade. Não são as classes populares os objetos ime-
diatos de sua malvadez. Fala-se, por isso mesmo,
da necessidade de disciplinar a ‘andarilhagem’ dos
dólares”(Freire, 1997, p.163).
O fatalismo ideológico, embutido na ideologia neolibe-
ral, demonstra, mais uma vez, a sua perversidade no abando-
no, exclusão e desvalorização dos seres humanos em relação
ao mercado. O que for importante para a administração dos
negócios e a obtenção de maior lucro possível não é conce-
bido como fatalidade. Mas, o que tem relação à maioria da
sociedade e se refere às conseqüências negativas da inter-
venção política da globalização é tido como algo determi-
nado, necessário e impossível de alteração na história. Nesse
sentido, o desemprego é visto como uma fatalidade de
fim
de século
; a pobreza e miséria humana como um
destino da
história
; as doenças e epidemias decorrentes da miséria são
vistas como uma
seleção natural
e assim por diante.
Mas o que está por trás desse discurso, e aqui vem o
segundo aspecto da crítica de Freire, é uma
lógica perversa