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EIXO 16 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ÉTICA E ESPIRITUALIDADE
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
pessoa humana, negando emoção como exigência essencial
a uma pedagogia humana e humanizadora..
Tanto em Pascal (2001) quanto em Freire (1997) en-
contramos aproximações na compreensão entre ciência e
emoção como podemos observar nas citações abaixo:
O sonho se faz uma necessidade, uma precisão. E,
em torno disto, mais um ponto que gerava críticas,
exatamente o papel que eu reconhecia e continuo
reconhecendo à subjetividade no processo de
transformação da realidade ou às relações en-
tre subjetividade e objetividade indicotomizáveis,
consciência e mundo. (FREIRE, 1997, p. 52).
Conhecemos a verdade, não somente pela razão,
mas ainda pelo coração; é desta última maneira
que conhecemos os primeiros princípios, e é em
vão que o raciocínio, que deles não participa, tenta
combatê-los. [...] E é sobre esses conhecimentos do
coração e do instinto que é preciso que a razão se
apoie e funde todo o seu discurso. O coração sente
que há três dimensões no espaço e que os números
são infinitos; e a razão demonstra, em seguida, que
não há dois números quadrados dos quais um seja
o dobro do outro. Os princípios se sentem, as pro-
posições se concluem; e tudo com certeza, embora
por diferentes vias. E é tão ridículo que a razão peça
ao coração provas dos seus primeiros princípios,
para querer consentir neles, quanto seria ridículo
que o coração pedisse à razão um sentimento de
todas as proposições que ela demonstra, para que-
rer recebê-los. (PASCAL, 2001, p. 97).
Na concepção de educação na perspectiva de Freire,
a “solidariedade, afeto e emoção sempre imprimiram uma
marca especial na Educação Popular.” (GONSALVES, 1995,
p. 224). Portanto, existe uma convergência entre Pascal e Frei-
re no tocante às suas propostas educativas que criticam a
razão instrumental, e no potencial emancipatório inerente às
práticas educativas do trabalho pedagógico, que não separa
a razão do coração, pois este “está no centro do homem total.
[...] Todo o lado apreciativo do conhecimento é afetivo, expri-
me ‘as razões do coração’” (BERDIAEFF, 1961, p. 24).