XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 16 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ÉTICA E ESPIRITUALIDADE
fenômeno do desemprego estrutural é o exemplo clássico
dessa exclusão, mas há outros métodos e formas sutis de
exclusão, que descartam regiões inteiras dos planos políti-
co-econômicos.
Há uma exclusão total da África que, enquanto conti-
nente periférico e historicamente espoliado pelos europeus,
não entra nos planos da organização de um mercado global.
Outras regiões, como a América Latina, são tratadas como
economias de “países emergentes” que, para competirem no
mercado global, devem restruturar-se à luz da lógica de com-
petição internacional. Por essa razão, os países emergentes
precisam seguir o receituário do Primeiro Mundo mesmo que
isto represente a exclusão social de grande parte de seu povo.
Nessa direção que vem atuando a política neoliberal
não há lugar para a
Ética Universal
do ser humano. Se há
algum tipo de ética nesse sistema político-econômico é uma
ética menor,
como bem nos coloca Freire, que visa apenas ao
lucro. Diante dessa realidade histórica, precisamos denun-
ciar o
vazio ético
e a malvadez contra o ser humano intrínse-
cos aos modelos políticos neoliberais (FREIERE, 1997). Essa
denúncia deve ser o ponto de partida para o nosso com-
promisso ético-político de
reinvenção do mundo
através da
política, da cultura, do conhecimento, da economia e da
própria vida cotidiana (FREIRE, 1994).
Um primeiro aspecto da crítica de Freire à globaliza-
ção neoliberal é o fatalismo embutido nela e sua força ideo-
lógica que visa a impor-se como a salvação do mundo todo:
A capacidade de nos
amaciar
que tem a ideologia
nos faz às vezes mansamente aceitar que a globa-
lização da economia é uma invenção dela mesma
ou de um destino que não poderia se evitar, uma
quase entidade metafísica e não um momento do
desenvolvimento econômico submetido, como
toda produção econômica capitalista, a uma certa
orientação política ditada pelos interesses dos que
detém o poder”(FREIRE, 1997, p. 142-143).
Há uma profunda distorção, mas que é ideologica-
mente planejada, na forma de conceber a história como de-