XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
só estão no discurso, pois à medida que se consolida a bur-
guesia como direção da sociedade e consequentemente da
escola, a afirmação de igualdade fica cada vez mais distante,
dando espaço e ênfase para um indivíduo competitivo.
Para Freire (1983, p. 89), “seria uma atitude ingênua
esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma
forma de educação que proporcionasse às classes domina-
das perceber as injustiças sociais de maneira crítica”. Justa-
mente, sem consciência e criticidade para defender e reivin-
dicar seus direitos e interesses, estes sujeitos são colocados
no papel de oprimidos, calando-se e acomodando-se.
No contexto dos princípios liberais, a pedagogia li-
beral tradicional funda-se para reafirmar que a escola tem
como objetivo a realização plena do desenvolvimento do
educando a partir do seu próprio esforço e capacidade, não
levando em conta a atual organização da sociedade em
classes sociais, assim como a prática educativa não tem ne-
nhuma relação com a realidade de cada aluno.
Segundo Libâneo (1989, p. 23), “sendo assim, os me-
nos capacitados devem lutar para superar suas dificuldades
e conquistar seu lugar junto aos mais capazes”, mesmo nes-
te contexto desigual de oportunidades e condições. Por tan-
to, esta condição exposta não podia ser questionada, pois o
professor enquanto representante do sistema social era que
detinham da autoridade, seus métodos eram expositivos,
sem diálogo, ou melhor, era vedado qualquer tipo de ex-
pressão, seja para questionar a matéria, e/ ou contrapor-se
a este regime imposto.
Esta forma metodológica de educação foi denomina-
da por Freire como educação bancária, onde os educadores
são os que depositam informações, conteúdos, verdades
absolutas sobre os educandos que são meros receptores.
“Quanto mais vá ‘enchendo’ os recipientes com os ‘depó-
sitos’, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem
docilmente ‘encher’, tanto melhores educandos serão”.
(FREIRE, 1983, p. 66). E nesta prática educativa, a educação
torna-se um mero ato de depositar conhecimentos e valores