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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
soas chegam a aceitar como inevitáveis, e inclusive
conveniente, as peculiaridades contraditórias da
ordem existente, não restando senão a oportuni-
dade de se adaptar e se preparar para ascender,
mediante a participação competitiva, até o máximo
de suas possibilidades na escala aberta para todos
pela “igualdade de oportunidade” que a escola co-
mum e obrigatória oferece. (SACRISTÁN e GÓMEZ,
1998, p.16).
Nesse sentido, as aparências indicavam uma escola
com uma educação de qualidade, capaz de emancipar e fa-
zer com que estes cidadãos fossem livres da ignorância, en-
quanto em sua essência, tanto o acesso quanto a qualidade,
não passavam de uma falácia, e com a ideia que sua posição
social era definida por suas capacidades, estabelece assim
como na sociedade a lei do mais forte, transformando a es-
cola em uma arena de lutas implacável pelo poder.
Nesta nova organização social imposta pela burgue-
sia, só gozava de sua liberdade quem tinha condições de
dispor de propriedades, caso contrário, restava adaptar-
-se aos valores e normas vigentes da sociedade de classes.
Frente a isto, a escola tornou-se um instrumento de contro-
le das classes dominantes, reforçando a opressão, pois os
alunos das camadas populares, por não conseguir competir
neste contexto, acabam se conformando a situação, e po-
dem concluir que seu lugar é onde os ditos “capacitados”
escolherem, ou seja, a burguesia. Isso ocorre, por que esses
sujeitos não tinham acesso a uma educação crítica, que pro-
porcionasse momentos de questionamento da ordem esta-
belecida ou até mesmo contrapor-se. Os dominantes faziam
crer que a conciliação das diferenças de classe era possível.
Entretanto, essa cultura de igualdade quer na verdade
ocultar o “caráter excludente, que bane os que por desigual-
dades significativas de nascimento e/ou desigualdades so-
ciais não conseguem preencher os requisitos de um padrão
de aluno previamente estipulado” (MANTOAN, s/ a). No
pensamento liberal todos são livres, formalmente iguais e
sujeitos de direitos, mas compreende-se que estes aspectos