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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
experenciem o conhecimento, a busca, a curiosidade em
um constante movimento. Nesse sentido surgem questio-
namentos que fazem pensar se a curiosidade é percebida
como um desafio, uma inquietação, uma motivação. Para
Freire “o exercício da curiosidade a faz mais criticamente
curiosa, mais metodicamente ‘perseguidora’ do seu objeto.
Quanto mais a curiosidade espontânea se intensifica, mas,
sobretudo, se ‘rigoriza’, tanto mais epistemológica ela vai
se tornando” (1996, p. 87). A curiosidade espontânea pode
estar associada à curiosidade ingênua no sentido da inquie-
tação desencadeadora da busca. Busca essa que, se pautada
de rigor metodológico tem potencial para se tornar curiosi-
dade epistemológica.
Freire afirma que a pedra fundamental do saber “é a
curiosidade do ser humano” (1996, p. 86). No processo edu-
cativo bancário, a curiosidade não encontra espaço, não é
escutada, não é percebida, não há licença para a pergunta.
Nesse sentido Freire evidencia sua condenação às práticas
de educação bancária que não estimulam a pergunta, a dú-
vida, mas sim alimentam certezas sem as indagar.
Na concepção bancária, o educador é aquele que sabe
e os educandos são aqueles que nada sabem, cabe então
ao professor “dar, entregar, levar, transmitir o seu saber[...].
Saber que deixa de ser de ‘experiência feito’ para ser de ex-
periência narrada ou transmitida” (FREIRE, 2015, p. 83). Para
Freire, o ‘saber da experiência feito’ tem relação com a ig-
norância sábia, ou seja, com o saber de senso comum cons-
truído na realidade e presente na vida do educando, mas
que através de uma educação contrária a bancária pode ser
superado.
Na educação bancária os estudantes são depósitos,
“não são chamados a conhecer” (2015, p. 96), não vivem
possibilidades de ação e, portanto, tem menos oportuni-
dade de desenvolver a criticidade. De acordo com Freire, a
visão bancária anula ou minimiza o poder criador dos edu-
candos “estimulando sua ingenuidade e não sua criativida-
de” (2015, p. 83).