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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Nas palavras de Freire, “não haveria criatividade sem a
curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente im-
pacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentado
a ele algo que fazemos” (1996, p. 32). O processo de cons-
trução do conhecimento é um processo aberto e pode ser
entendido como um desenrolar que faz parte do humano e
de sua experiência. Nesse sentido a tríade do conhecimento
corrobora com esse processo na medida em que contempla
o movimento que se desloca da curiosidade ingênua, para a
crítica, avançando para a curiosidade epistemológica.
Para Freire, o conhecimento envolve um processo de
busca, ou seja, “só existe saber na invenção, na reinvenção,
na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens
fazem no mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE,
2015, p. 81). Assim a ingenuidade pode ser entendida como
uma condição para o conhecimento, como uma ignorância
sábia.
A curiosidade ingênua a que me refiro está intimamen-
te ligada à consciência ingênua, a qual, de acordo com Freire
(2013), se provida de rigor metódico, de envolvimento, de
apreensão, pode avançar para o conhecimento epistemoló-
gico. Mas para isso “é preciso que minha curiosidade se faça
epistemológica” destaca Freire (2013, p. 135). A curiosidade
precisa suplantar a barreira da ingenuidade. Para o autor, “a
superação e não a ruptura se dá na medida em que a curio-
sidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, pelo contrá-
rio, continuando a ser curiosidade, se criticiza” (1996, p.30).
Sendo assim, com o devido rigor metodológico, a curiosida-
de torna-se epistemológica muda sua qualidade, sem, con-
tudo, mudar sua essência.
Dessa forma para chegar a criticidade a curiosidade
ingênua é ponto de partida. Essa curiosidade que pode ser
considerada uma sábia ingenuidade, se concebe pelo diá-
logo, pelos espaços de escuta e de fala tão destacados nas
obras de Freire. Mas apenas a curiosidade não caracteriza
criticidade e conhecimento, é necessária interiorização e
para tal a relação com o objeto do conhecimento, com o