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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
curiosidade ingênua é considerada uma curiosidade gerada
por dúvidas, indagações, questionamentos. Essas inquieta-
ções, ao gerarem a busca por uma explicação teórica deter-
minam um deslocamento para a curiosidade epistemológica
superando a ingênua. Assim, a curiosidade ingênua é a que
desacomoda, que move ao movimento para encontrar res-
postas. Mas como traduzir esse movimento num sistema de
ensino? Como fazer acontecer esse deslocamento? Nesse
processo, o ganho de consciência é de quem educa e de
quem é educado.
A construção do conhecimento, a aproximação e o
descortinar da realidade estão envolvidos, mas a curiosida-
de, em muitas situações, está oculta ou é ocultada nos es-
paços educacionais revelando mais distanciamentos do que
aproximações com o cotidiano escolar.
APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS COM O
COTIDIANO ESCOLAR
O legado de Freire (1996, p.30), há mais de trinta anos,
sugere a importância de “discutir com os alunos a razão de
ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos
conteúdos”, de oportunizar uma “intimidade” entre os sabe-
res curriculares e a experiência dos alunos. C
onsiderando a
tríade do conhecimento de Paulo Freire, aventa-se a hipó-
tese de que a escola ainda fala e vibra numa dimensão de
curiosidade ingênua.
Freire sinaliza o processo de aprender como “um pro-
cesso que pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade cres-
cente, que pode torná-lo mais e mais criador” (1996, p. 24).
A capacidade de aprender, quanto mais desafiadora, quanto
mais criticamente for exercida, mais promoverá o desenvol-
vimento da “curiosidade crítica, insatisfeita, indócil” (FREIRE,
1996, p. 32).
Há motivos para acreditar que quanto mais oportuni-
zarmos desafios aos estudantes, tendo os ensinamentos de
Freire como horizonte, tanto mais desenvolverão a “capaci-
dade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto