Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1595 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1595 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1595

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

É preciso que estejamos atentos ao tratamento dado

para a curiosidade. Exercitar a curiosidade é uma provoca-

ção para a imaginação, para a suposição, para a busca e

para uma nova experiência, assim a curiosidade vai sendo

refinada. O respeito à leitura de mundo do educando e o

reconhecimento das suas experiências estão diretamente

relacionados à curiosidade no sentido de que esta leitura

seja tomada

como ponto de partida para a compreensão do pa-

pel da

curiosidade

, de modo geral, e da humana, de

modo especial, como um dos impulsos fundantes

da produção do conhecimento. É preciso que, ao

respeitar a leitura do mundo do educando para ir

mais além dela, o educador deixe claro que a curio-

sidade fundamental à inteligibilidade do mundo é

histórica e se dá na história, se aperfeiçoa, muda

qualitativamente, se faz metodicamente rigorosa.

E a curiosidade assim metodicamente rigorosa faz

achados cada vez mais exatos. No fundo, o educa-

dor que respeita a leitura de mundo do educan-

do, reconhece a historicidade do saber, o caráter

histórico da curiosidade, desta forma, recusando a

arrogância cientificista, assume a humidade críti-

ca, própria da posição verdadeiramente científica.

(FREIRE, 1996, p. 123)

No cotidiano

2

, a rotinização obscurece a visão, deixan-

do poucas marcas visíveis e exigindo vigilância constante,

“aberta ao que se passa, mesmo ao que se passa quando

‘nada se passa’” (PAIS, 2003, p. 109). Mesmo onde nada pa-

rece passar, há o que se passa, há um mundo a ser lido,

há possibilidades de deslocamentos e avanços para novos

achados motivados pelas curiosidades. Esses deslocamen-

tos promovem assumir gradativamente o papel de sujeito

da produção do conhecimento, se percebendo como um

“sujeito capaz de saber”, como “

arquiteto

da sua própria

prática cognoscitiva” e assim exercendo a curiosidade epis-

temológica. (FREIRE, 1996, p. 124).

2

Cotidiano entendido à Luz de José Machado Pais como a rota do conheci-

mento.