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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
momento, nos anos 70, quando Freire preocupou-se com
os “maus usos” do termo, usado como se fosse “uma pílu-
la mágica a ser aplicada em doses diferentes com vistas à
mudança do mundo”; e uma terceira fase, expressa na Peda-
gogia da Autonomia em que o autor “reitera a conscientiza-
ção como tarefa histórica de resistência crítica ao contexto
neoliberal e ratifica a natureza política da prática educativa”
(2008, p.100).
Freire afirma, na obra objeto de nosso estudo, que a
“conscientização é engajamento histórico” e que ela “implica
que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e re-
fazem o mundo”, criando a “própria existência com o material
que a vida lhes oferece” (FREIRE, 2016, p.57). E segue dizendo
que a conscientização “está baseada na consciênciamundo”,
ou seja, os homens, enquanto coletividade, fazem e refazem
o mundo. Conscientização é mesmo uma palavra do coletivo,
não existe na individualidade. Antoine de
Saint-Exupéry, autor da obra “O pequeno príncipe”,
fala que o ser humano é uma rede de relações e que são as
relações que contam para o ser humano. Conscientização
tem a ver com essa rede de relações e com o como agimos
estando enredados nela. A pedagogia do diálogo que Freire
praticava é uma pedagogia pluralista, coletiva, que, a partir
de um ponto de vista nos leva a dialogar com os demais, in-
teragindo, influenciando e sendo influenciados pela rede de
relações da qual participamos. Para Freire, a conscientização
precisa ser o objetivo fundamental da educação.
A realidade só pode ser modificada se o homem
descobrir que pode sim, e pode sêlo por ele. Portan-
to, é preciso fazer dessa conscientização o objetivo
fundamental da educação; é preciso, em primeiro
lugar, provocar uma atitude crítica, de reflexão, que
leve à ação (LEME, 2016, p.76).
Assumindo a dialética “leitura de mundo/leitura da
palavra”, permanente em todos os escritos e
práxis
de Frei-
re, não podemos deixar de nos reportar à realidade socio-
política e educacional do Brasil desse início de século. Se,