XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
mos nos nossos sonhos, buscarmos o que queremos, mes-
mo quando tudo conspire contra isso e ir além até mesmo
dos próprios limites, inspirando e desafiando os demais a
também buscarem descobrir a beleza de seus próprios voos,
buscando ser sujeitos e não meros objetos de suas histórias.
“Como vale a pena agora viver! Em vez da mo-
nótona labuta de procurar peixe junto dos barcos
de pesca, temos agora uma razão para estar vivos!
Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos en-
contrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes
e hábeis. Podemos ser livres! Podemos aprender a
voar!” (BACK, p.6, 2006). Utopia, dirão alguns. Sim,
utopia
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. No entanto, as grandes conquistas do
mundo atual foram um dia utopias. Paulo Freire nos
diz que a “nova realidade do amanhã é a utopia do
educador de hoje [...] a utopia é o realismo do edu-
cador. Não pode ser realista o educador que não é
utópico” e não é possível despertar, nos outros, a
capacidade de sonhar com uma realidade diferente
da que está posta se nós mesmos não acreditar-
mos na possibilidade de essa realidade diferente
instalar-se. Freire cita Marx e Guevara como sendo
utopistas e nos afirma que “só os utopistas podem
ser proféticos e portadores de esperança” (LEME,
p.59, 2016). Não se trata de sonhar sonhos impossí-
veis ou os sonhos alheios, mas de ver possibilidades
nos sonhos, acreditar que eles sejam bons para to-
dos e lutar para fazê-los realidade. De acordo com
Freire, trata-se de “educador e educando, ambos
sujeitos criadores, se libertarem mutuamente para
juntos se tornarem criadores de realidades novas”
(LEME, p.33, 2016).
Ainda segundo Paulo Freire, a esperança que se deseja
como ação é a do verbo esperançar e esse talvez seja um
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De acordo com Ana Lúcia Souza de Freitas, no Dicionário Paulo Freire, há
uma “manifestação recorrente, sustentada pelo senso comum de que a
utopia seja algo impossível de ser realizado” e que Paulo Freire seria “muito
utópico”. Todavia, continua a autora, “a noção de utopia que se inscreve
na vida e obra de Paulo Freire representa grande contribuição à formação
com educadores e educadoras, tendo em vista o fortalecimento da práxis
transformadora diante do cenário da globalização econômica e da mer-
cantilização da educação” (2008, p. 417).