XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
temos consciência das consequências dos nossos atos, no
entanto, por vezes, simplesmente não nos importamos. Os
que se consideram prejudicados também têm consciência
do que acontece, mas lhes falta ação para rebelar-se. São
pacíficos expectadores de suas próprias dores, na maioria
dos casos, meros objetos de sua própria história e por ela
conduzidos, falta-lhes o objetivo fundamental da educação:
a conscientização que os levaria à ação, o que implica tam-
bém em abertura para as mudanças em nós mesmos, por
meio de diálogos e
práxis
cooperativas que sejam auto(-
trans)formadoras.
Assistimos pacificamente, esperançosos (do verbo es-
perar) que as coisas se ajeitem, que mudem, sem darmo-nos
conta de que “Não é, porém, a esperança um cruzar de bra-
ços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se
luto com esperança, espero” (FREIRE
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, 2016, p.114). Esperan-
çar é preciso: ir atrás, construir, não desistir, juntar-se a outros
e levar adiante, fazer as coisas de um modo diferente... Para
tanto, o diálogo-crítico-reflexivo desafia e potencializa a su-
peração e a mudança de padrões até então enraizados na
consciência de todos, em nome de uma utopia esperançada:
uma sociedade ideal, fundada em leis justas e em instituições
político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o
bem-estar da coletividade, construindo uma sociedade de-
mocrática e com mais bonitezas para todos
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.
Com Paulo Freire entendemos e assumimos a dimen-
são política da esperança buscando compreender critica-
mente a realidade para transformá-la. Ademais, humaniza-
monos, social e pedagogicamente, por diferentes processos
de auto(trans)formação, pelo diálogo e pela interação com
os outros e com o mundo. Destarte, vamos aprendendo a
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Pedagogia do Oprimido
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Ocupando o espaço entre o político e o possível, Paulo Freire passou a
maior parte de sua vida trabalhando na crença de que vale a pena lutar
pelos elementos radicais da democracia, que a educação crítica é um ele-
mento básico da mudança social e que a forma como pensamos sobre a
política é inseparável de como compreendemos o mundo, poder e a vida
moral que aspiramos a levar (GIROUX, Henry A. in Dicionário Paulo Freire,
2008, p.124)