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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

ler!” Ninguém levantou? Então, questionei, por que ninguém

expressou que sabe ler? E afirmei: “Todos vocês sabem ler”. E

neste momento mostrei umas imagens-textos que trouxe e

fui buscando respostas e, todos explicaram, interpretaram e

lendo cada cartaz que eu apresentava. Então, esclareci, tudo

isso que vocês fizeram é leitura, talvez vocês tenham dificul-

dades em apenas um tipo de leitura, mas acreditem, viver, é

ler, viver é conhecer.

Depois de um diálogo rico sobre cada uma das res-

postas propus que naquele momento eles pensassem um

pouco sobre o que gostariam de viver na escola. Alguns alu-

nos riram e disseram, “a professora não sabe de nada”, “a

gente não pode fazer o que quer na escola”, “a gente segue

regras”. Continuei, “então, vamos tentar”.

A escola, campo empírico desta experiência, é um lu-

gar de limitações estruturais e materiais. A equipe gestora

busca organizar o espaço em prol de melhor atender alunos

e familiares. Os funcionários são engajados na luta por uma

educação pública de qualidade. Mas as coisas não são tão

simples. A escola é pequena, as salas de aulas são pequenas

para o número de alunos, sem espaço para intervalo entre

as aulas, sem biblioteca, sem laboratório de informática e

com apenas alguns recursos pedagógicos limitados. Mesmo

assim insisti com os estudantes na construção coletiva de

um percurso de vida dentro da escola.

Fizemos um cartaz intitulado: “A escola deveria ser um

lugar para ...” com as respostas, que incluíam: jogar bola;

brincar; usar computador; usar celular; usar livros; feira de

ciências; viajar; ver filmes; aprender a ler; conversar e dançar.

Para surpresa dos estudantes, afirmei que tudo aqui-

lo era possível, mas que não dependeria só de mim, mas

de todos ali presentes. Neste contexto, o silêncio foi total,

e, como a estrutura física da escola era limitada, ninguém

acreditava que viver tudo aquilo da lista seria possível. Aqui,

a pedagogia da Esperança de Freire, visitava a minha mente,

a esperança, não como espera, mas como ação, como for-

ma de acreditar, de agir, de associar teoria, prática e desejo,