Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1554 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1554 / 2428 Next Page
Page Background

1554

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Contudo, há outros caminhos para lidar com as dife-

renças, como por exemplo, ignorá-las e tentar homogenei-

zar os comportamentos, os sujeitos, por meio de um contro-

le, adestramento dos corpos, como forma de manter a ‘dis-

ciplina’ através da punição. Para Foucault

(1987, p. 191)

,

“O

poder disciplinar é com efeito um poder que, em vez de

se apropriar e de retirar, tem como função maior “ades-

trar”; ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar

ainda mais e melhor”. Contudo, se entendemos a escola

como instituição social,

Interações baseadas na obediência, na exclusão,

na negação, no preconceito não podem ser ditas

sociais, pois negam a nossa condição biológica

básica de seres dependentes do amor, isto é, ne-

gam o outro como legítimo outro na convivência

e fazem adoecer. Instituições e práticas baseadas

no argumento da racionalidade e da obrigação são,

portanto, anti-sociais e têm de ser repensadas (MA-

TURANA, 2009, p. 8).

Para Maturana, somos seres sociais, nos constituímos

na linguagem, no “entrelaçamento do emocional com o ra-

cional” (

Ibid

., p. 18), onde viver e conhecer são mecanismos

biológicos (vitais) do ser humano. “Conhecemos porque

somos seres vivos e isso é parte dessa condição. Conhecer

é condição de vida na manutenção da interação ou aco-

plamentos integrativos com os outros indivíduos e com o

meio” (

Ibid.

, p. 8).

Pensando assim, como nos afirma Maturana que somos

seres dependentes do amor, da convivência, a escola pode

ser esse espaço de convivência que, a partir da diferença se

constrói o respeito ao outro a partir do respeito a si. Em um

espaço desses de convivência, a negação do outro não será

resolvida pela punição, mas no devir, nas interações.

Neste contexto de vivências na escola, Freire (1992,

p. 11) destaca que “uma das tarefas do educador ou edu-

cadora [...] é desvelar as possibilidades, não importam os

obstáculos, para a esperança”, assim, movida pela “espe-