XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
ALFABETIZAÇÃO EM CLASSES POPULARES:
EDUCAÇÃO ESCOLAR COMO EXERCÍCIO DE
AUTORIA, SUBJETIVAÇÃO E LIBERDADE
Maria de Fátima de Lima das Chagas
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INTRODUÇÃO
Após aproximadamente vinte anos de docência,
atuando em turmas desde o maternal até a pós-graduação,
aprendi que a escola é um lugar para constituirmos redes, e
quanto mais fortes forem os ‘nós’ da rede, mais rica será a
experiência de aprender. Percebo a escola como um espaço
de encontro das diferenças, da construção de laços sociais,
de conversas, de possibilidades para exercitar a autoria e
vincular aprendizagem, cuidado e vida.
Sendo um lugar de encontro das diferenças, muitas
vezes nos deparamos com situações de conflitos, de desen-
tendimentos, de medos, de imposições de pontos de vistas,
enfim, entrelaçamentos que aos poucos podem, ou não, se
organizar na constituição de redes afetivas e cognitivas. Se-
gundo Eizirik (2007, p. 136), para a construção de redes no
contexto escolar, precisamos, “lidar com a diferença, cuidar
dela, aprender com ela. Isso significa fazer rupturas e trans-
formações radicais, das quais conhecemos muitas vezes os
perigos, os medos, e nem sempre sabemos qual seu curso e
seus efeitos”. Segundo a mesma autora,
Trata-se da lógica sinfônica do inesperado, da sur-
presa, onde a incerteza é um ingrediente básico
para dialogar com o mistério do mundo; conviver
com a pluralidade, ampliar a visão de mundo, de
sociedade, de sujeito, vem necessariamente acom-
panhada de ousadia, humildade e coragem que,
penetrando na ordem das relações, provocam des-
locamentos para novos núcleos de sentido, buscam
emergências de outras ordens, onde o risco e a
aventura são companheiros efetivos (
Ibid
., p. 136).
1
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em educação – PPGEdu, Uni-
versidade de Santa Cruz do Sul – UNISC.