XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 2 – PAULO FREIRE:
MEMÓRIA,
REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
tural, como a possibilidade de organização da nova
compreensão da realidade e da proposição da ação
em direção à construção dos “inéditos-viáveis”, da
transformação.
O processo de investigação era o momento de conhe-
cer o universo vocabular dos educandos, através da participa-
ção deles. A codificação representava a realidade a partir da
qual se fazia a análise crítica (descodificação), realizada diale-
ticamente pelo educador (animador) e pelo educando juntos.
A descodificação, segundo Freire (1983), era o momento de
(i) tomada de consciência, (ii) descrição dos elementos da co-
dificação, (iii) apreensão da realidade, da situação codificada
e (iv) análise crítica do que a codificação representa. A síntese
cultural referia-se ao processo de conscientização.
As palavras (não letras ou sílabas) eram, então, o início
da aprendizagem e, sendo contextualizadas, serviam tanto
para a leitura da palavra quanto para a leitura da realidade
social. As palavras escolhidas (palavras geradoras) eram as
que codificavam a vida das pessoas. Por isso eram propostas
a reflexão e a problematização que, ligando palavra e vida,
descodificariam ambas. Gradualmente eram formuladas fra-
ses e introduziam-se novas palavras mais elaboradas.
Tendo algumas destas ideias como fundamentação,
no final dos anos 50 e no início dos anos 60 surgiram em
todo o mundo “diferentes experiências de ‘trabalhos com
grupos’, de ‘educação centrada no aluno’, de projetos de
pesquisa e de ação social com um forte acento sobre a par-
ticipação consciente, corresponsável e ativamente voluntá-
ria”, segundo Brandão (2008, p. 69). Estes projetos tinham
como característica a crítica à educação bancária presente
na época. Freire (1992, p. 279) complementa ao dizer que
no começo dos anos 60, houve então uma presença
maciça das massas populares no Brasil, nas praças,
nas ruas, reivindicando. E é exatamente no bojo
dessa experiência, nesse momento histórico, social
e político do país, que emerge uma série de inicia-
tivas no campo que se chamou, em primeiro lugar,
educação de adultos e, depois, cultura popular.