146
EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Nesta proposta, a prática, o trabalho e a realidade dos
educandos eram os pontos de partida de um caminho cujo
objetivo era a compreensão crítica, a partir da qual poderiam
entender-se como autores da própria história e da história
da sociedade. Por isso, a proposta era mediar a alfabetização
sem utilizar cartilhas prontas, que abordavam temas muitas
vezes desconhecidos aos educandos e tinham a intenção de
dirigir a forma com a qual eles deveriam pensar. Dizendo-se
neutras, estas cartilhas teciam ideias sobre política, trabalho,
educação, etc., com a intenção de direcionar o pensamento
dos educandos de forma que não des-cobrissem os possí-
veis problemas da realidade na qual viviam e não buscassem
se organizar para transformá-los.
Brandão (1981) comenta que, de forma oposta, a pro-
posta de Paulo Freire era que em cada círculo de cultura as
temáticas abordadas para a alfabetização fossem escolhidas
de modo diferente:
com
a comunidade e através do diálogo
tornando-se significativas para os educandos. A partir disto,
a problematização da realidade daria o norte para a aprendi-
zagem. Educadores e educandos construíam coletivamente
o material com o qual iriam trabalhar e cada um era chama-
do a participar ativamente, partilhando as aprendizagens.
Inicialmente, então, o animador, inserido na comuni-
dade e buscando compreendê-la, fazia uma pesquisa sobre
o seu universo vocabular ou universo temático através do
diálogo com os educandos. Desta pesquisa eram construídos
os materiais de estudo e selecionadas as palavras-geradoras.
Depois disso, acontecia a leitura da realidade social e da pala-
vra que a exprimia. A leitura do texto se fazia junto e a partir
da leitura do contexto. A leitura da palavra era a leitura da
realidade. De forma resumida, Paludo (2008, p. 265) explica:
A proposição, realizada e vivida por Freire, implica
três momentos centrais que exigem rigorosidade
e alegria: a leitura da realidade (investigação), que
deve ser codificada em Temas ou Palavras Gerado-
ras; a descodificação (oral e escrita), que requer a
problematização para a ampliação da compreen-
são crítica das “situações limites”; e a síntese cul-