XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 2 – PAULO FREIRE:
MEMÓRIA,
REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
Para que isso seja levado em consideração, a educa-
ção deve partir da leitura de mundo. Esta vem antes da leitu-
ra da palavra, pois é a prática dos educandos nos contextos
que permeiam suas vidas, é sua compreensão do mundo. É
a aprendizagem realizada através do contexto, aquilo que é
construído nas relações entre as pessoas e com o mundo. Há
a continuidade da leitura do mundo, na medida em que se
faz a leitura da palavra. Estas leituras apresentam a dimensão
política e gnosiológica da educação. Segundo Romão (2008,
p. 152), a dimensão política refere-se à leitura de mundo
e a dimensão gnosiológica é a leitura da palavra,
dos conceitos, das categorias, das teorias, das dis-
ciplinas, das ciências, enfim, das elaborações huma-
nas anteriormente formuladas. A dimensão política
dá os fundamentos da dimensão gnosiológica (de
conhecimento).
Pensando a educação a partir destas características,
permeado pela esperança por uma verdadeira transforma-
ção política na sociedade e tendo em mente a realidade
brasileira, Paulo Freire mobilizou-se para pensar alternativas
para a alfabetização de adultos. Segundo Andreola (1993, p.
32), Freire questionava-se sobre como ajudar os adultos não
alfabetizados “partindo das experiências, dos conhecimen-
tos deles, para fazê-los passar de seu conhecimento espon-
tâneo, pouco organizado, pré-crítico, a um conhecimento
mais organizado e crítico?” E complementa: “A alfabetização
seria uma etapa e um meio neste processo [...]”. A proposta
de Paulo Freire não dizia respeito, então, somente à leitura
e escrita, mas à conscientização. Com isso, surgiram os cír-
culos de cultura, que tinham este nome devido à disposição
na qual os alunos ficavam na sala de aula: uma roda que
permitia a troca de conhecimentos através do diálogo. O
objetivo era colocar educandos e animador
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num ambiente
de co-participação, ensino e aprendizagem mútuos.
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Denominação utilizada por Brandão (1981, p. 41) para referir-se ao “agen-
te de educação ‘do programa’ ou um educador já alfabetizado, da própria
comunidade” que dava os primeiros passos nos círculos de cultura e subs-
tituía o professor tradicional.