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EIXO 9 – PAULO FREIRE: POLÍTICAS PÚBLICAS E A GESTÃO EDUCACIONAL
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
documentos filosóficos mais importantes que dispomos,
As
teses sobre Feuerbach,
de Marx, tem apenas duas páginas e
meia...”. Nessa afirmação Freire confirma a relevância dessa
contribuição como um dos pressupostos de sua pedago-
gia. Nesse mesmo referencial Freire admite que a educação
deve ofertar uma compreensão diferente das injustiças.
É nesse sentido que a leitura crítica da realidade,
dando-se num processo de alfabetização ou não
e associada sobretudo a certas práticas claramen-
te políticas de mobilização e de organização, pode
constituir-se num instrumento para o que Grams-
ci chamaria de ação contra-hegemônica (FREIRE,
2011, p. 31).
Seguindo ainda a influencia marxiana, Freire aborda
que a conscientização é constituída a partir da ação huma-
na pelo trabalho, ou seja, o trabalho humano e as relações
que se estabelecem são fundamentais para a formação da
consciência. Para Freire também é essencial que a cons-
ciência vai sendo formulada em confronto com a alterida-
de, com o outro, esse processo não ocorre separadamente
dos demais, pois é uma atitude crítica e se dá em interação
comunicativa a partir de problematizações com outros su-
jeitos, em suas circunstâncias históricas e culturais. Outra
característica que perpassa toda a obra freireana é a con-
textualização. Para Freire, o conhecimento é uma informa-
ção contextualizada.
b) Freire e a educação popular
Para Freire a educação se encontra ancorada em dois
pilares: a consciência humana de sua inconclusão e ainda a
vocação histórica e ontológica para ser mais, em outras pa-
lavras, para buscar a humanização. Nesse sentido, a apren-
dizagem é concebida como um processo contínuo, de refor-
mulação do nível de compreensão e não como algo estável
e acabado, mas em contínuo movimento. De acordo com a
obra
Pedagogia da Autonomia,
educar “não é transferir co-
nhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção” (FREIRE, 2002, p. 52).