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EIXO 8 – PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

A curiosidade ingênua é a curiosidade da vida coti-

diana, que, espontânea e desarmada de rigor metódico,

produz o conhecimento a partir das experiências. No dia a

dia a mente não opera epistemologicamente, fazemos as

coisas sem se perguntar por que as fazemos. Por outro lado,

a curiosidade epistemológica significa estudar o objeto com

criticidade e rigor, e coloca o sujeito como produtor de um

novo conhecimento. À medida que se torna mais metodica-

mente rigorosa, a curiosidade deixa de ser ingênua e passa

a ser epistemológica. Paulo Freire (1996) explica que esse

processo não é uma ruptura, mas uma superação:

Não há para mim, na diferença e na “distância” entre

a ingenuidade e a criticidade, entre o saber de pura

experiência feito e o que resulta dos procedimentos

metodicamente rigorosos, uma

ruptura

, mas uma

superação

. A superação e não a ruptura se dá na

medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar

de ser curiosidade, pelo contrário, continuando a

ser curiosidade, se criticiza. Ao criticizar-se, tornan-

do-se então, permito-me repetir,

curiosidade epis-

temológica

, metodicamente ‘rigorizando-se’ na sua

aproximação ao objeto, conota seus achados de

maior exatidão (p. 32-33, grifos do autor).

Para Freire (1995), toda curiosidade é metódica, mas

o que caracteriza a curiosidade epistemológica é a rigorosi-

dade metódica, que possibilita a transição do senso comum

para o conhecimento científico. É importante ressaltar que

o rigor está no método que foi empregado para que o co-

nhecimento pudesse ser construído: “Não é o conhecimen-

to científico que é rigoroso. A rigorosidade se encontra no

método de aproximação do objeto. A rigorosidade nos pos-

sibilita maior ou menor

exatidão

no conhecimento produzi-

do ou no

achado

de nossa busca epistemológica” (FREIRE,

1995, p. 78). É essa rigorosidade metódica que é valorizada

nas pesquisas científicas realizadas em sala de aula e apre-

sentadas nas feiras de ciências.

O exercício da curiosidade epistemológica cria o con-

texto teórico necessário para a pesquisa em sala de aula