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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
ta e oca democracia burguesa e procede de uma
dupla mistificação, que só têm influência sobre os
pequeno-burgueses que oscilam entre as classes
exploradoras e a classe explorada
O sistema de educação para Dangeville serve apenas
para reproduzir o sistema de produção capitalista e as suas
formas de exploração.
Para a maioria, que só nos interessa numa visão de
classe, o ensino apenas reproduz para o
futuro
as
condições de saber e ignorância, indispensáveis
ao bom andamento do capital. Daqui resulta a sua
divisão fundamental em ensino elementar obriga-
tório e ensino superior, abandonando as crianças
mais favorecidas o primeiro a partir de 10-11 anos.
A seleção feroz é feita por grosso a partir da base
econômica e não da inteligência igualmente repar-
tida
potencialmente
em todas as classes, dispondo,
as crianças dos ricos de um meio material que as
prepara muito “naturalmente” para a ideologia e as
reações “dominantes”, e as pobres vivendo no es-
tado que reproduz a pobreza, não condizendo as
suas condições com o que lhes é ensinado na esco-
la. (DANGEVILLE, 2011, p. 124).
Então se tem algo realmente crucial para a compreen-
são da idéia de escola da “não aprendizagem” entenda-se
com isso: o papel das instituições de ensino como veícu-
los de divulgação de um conhecimento que não serve para
educar e emancipar os sujeitos, mas para formar indivíduos
ignorantes, disciplinados e alienados necessários à reprodu-
ção do sistema econômico.
Na ordem do sistema capitalista, a única filosofia
tolerante é a filosofia da alienação. O capital preci-
sa cada vez mais de homens alienados. Os patrões
não contentes com uma mão-de-obra disciplinada
que abandona anualmente o quartel após o serviço
militar, esperam agora que a escola despeje regu-
larmente uma mão-de-obra especializada, mas sem
formação geral e política, programada em função
das exigências do sistema capitalista. (GADOTTI,
1983, p. 25)