XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
trabalhadores alcançam em decorrência de sua atividade prá-
tica, que não se explica por si mesma, mas por sua finalidade;
b) a reorganização do modo de produção; e c) a valoração, e
não a ideologia, da sabedoria popular, a qual “[...] envolve a
atividade criadora do povo e revela os níveis de seu conheci-
mento em torno da realidade” (FREIRE, 1978, p. 29).
A questão que se faz pertinente não é transmitir ao ser
humano um conhecimento já elaborado, desconhecendo o
que esse já sabe, mas conhecer o que esse sabe, de forma
desorganizada, e devolver a esse sujeito o conhecimento de
forma organizada. Essa tarefa significa desafiar
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o indivíduo,
por meio da reflexão crítica sobre sua própria prática, sobre
as finalidades que o motivam. Nessas condições, o sujeito
passa “[...] a organizar os seus achados, superando, assim, a
mera opinião sobre os fatos por uma, cada vez mais rigorosa,
apreensão e explicação dos mesmos” (FREIRE, 1978, p. 29).
Um trabalho fundado na prática de pensar a própria
prática, como prática que se renova, por meio de uma siste-
matização do conhecimento e de uma postura crítica, cons-
tituindo, permanentemente, um aprofundamento na reali-
dade em questão.
Dessa maneira, a alfabetização, para Freire, tem como
objetivo ultrapassar o caráter imediatamente utilitário da
atividade técnica, no intuito de torná-la um objeto de estu-
do de que resulte em uma compreensão da mesma, tendo
nela não apenas a sua razão de ser, mas fonte de conheci-
mentos a ela referidos.
Na mesma esteira de raciocínio, Freire (1983), na obra
A importância do ato de ler: em três artigos que se comple-
tam, quando discute a alfabetização de adultos e a criação
de bibliotecas populares, compreende que a finalidade da
leitura e da escrita não está fundamentada em si, pois o ler
e o escrever implicam atividades para além do simples ato
mecânico no qual o ser humano possa constituir uma com-
preensão crítica da realidade.
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Quando Freire (1978) utiliza o termo desafiar, remete a Amilcar Cabral,
revolucionário à frente das lideranças do, então, PAIGC – Partido Africano
para a Independência da Guiné e Cabo Verde.