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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
uma leitura e escrita que imponham uma percepção e apro-
fundamento na qual o fundamental é fazer a história, permi-
tindo ao sujeito exercer a reflexão sobre a razão de ser das
próprias situações enfrentadas.
Freire afirma que, considerando o espaço de inserção
de um educador progressita, não há como ser neutro nas re-
lações educativas, pois a opção pela neutralidade torna o su-
jeito a serviço do modelo de memorização alienante, o qual
favorecerá a classe dominante. A partir desses pressupostos,
o autor reflete que, quanto mais neutra as classes domina-
das fizerem a sua entrada nesse mundo, melhor será para as
classes dominantes. “Esta é a alfabetização que interessa às
classes dominantes quando, por diferentes razões, necessi-
tam estimular, entre as classes dominadas, a sua ´introdução
ao mundo das letras´” (FREIRE, 1978, p. 27, grifo do autor).
Nesses movimentos pela neutralidade, irrompe um
pensamento desligado da objetividade, o qual não discute
os mecanismos de introjeção da ideologia, pois se veicula a
um conhecimento que será adquirido com forma de erradi-
cação
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, como recepção passiva, na qual os seres humanos
são, apenas, objetos de um processo.
Na perspectiva progressista crítica, os educandos são
convidados a pensar, como seres que sabem o que conhe-
cem. O aprendizado da leitura e da escrita torna-se um ato
criador, o qual envolve a compreensão crítica da realidade.
O movimento do pensar, quando o educando passa
a conhecer o conhecimento anterior, analisando sua prática
no contexto, lhe abre a possibilidade a um novo conheci-
mento, no qual esse sujeito, indo além dos limites do ante-
rior, desvela a razão dos fatos, o que irá desmistificar suas
falsas interpretações.
A partir desses pressupostos, Freire afirma que não há
separação entre pensamento-linguagem e realidade objetiva,
mas, para isso, são necessárias ações as quais ganham centra-
lidade, como: a) a sistematização do conhecimento a qual os
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Quando Freire (1978) utiliza o termo erradicação, o faz no sentido de que
o analfabetismo, nesse contexto de opressão, é considerado como uma
enfermidade pela classe dominante.