XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS
sendo enquadrados, engessados, imobilizados. Calam-se os
oprimidos como se cala o coro numa tragédia grega. E tra-
ta-se de reconhecer que a tensão ainda se mantém.
Tenta-se apagar a chama, quase adormecida, daqui-
lo que se constituiu numa reflexão crítica sobre as políticas
públicas. Volta-se o olhar para a proposta de alfabetização
rápida e há que se pensar o processo como um todo. Pola-
rizam-se os ideais de liberdade e de igualdade quase que
premeditando a existência de um novo ideal que ainda está
por vir. Confrontam-se os conceitos de dignidade e meri-
tocracia. Permanecem as questões que problematizam o
universal. Pergunta-se: Para quem eu educo? Eu educo para
quê? Penso eu que essas questões permanecem...
Tenta-se libertar o negro, o índio, o colonizado – visa-
-se quem sabe - o oráculo de uma ‘nova’ epistemologia do
sul. Busca-se a ruptura com o eurocentrismo e/ou o ameri-
canismo discutindo originalidades que não são, exatamen-
te, as ‘nossas’. Entre as fronteiras estendidas aparece o en-
tre-lugar não como mudança que pode permanecer, mas
como
continuum
. Olha-se para o pensamento como algo
que precisa ser desenvolvido...
SEGUNDA CARTA: A SAÚL TABORDA
Saúl, meu mais novo amigo, penso que compreender
o pensamento político no seu sentido mais original - do bem
comum - restaura, de certa forma, a educação pública como
possibilidade de ruptura com a educação mantenedora do
status quo.
Faz-se a crítica ao positivismo e reconhece-se
que os pilares da educação não mais dão conta da realida-
de. Há que se romper com o ‘
ricordo
’ (Círculo) hermético.
Mudam-se as perguntas. Entende-se a escola, a igreja
e a rua (a praça) como espaços de educação. Questiona-se:
Quem deve definir o ideal educativo? Alterna-se o foco en-
tre a civilização e a barbárie. É preciso descolonizar também
os sentidos. Nessa direção é possível identificar três elemen-
tos constitutivos da pedagogia facunda: 1) Não é possível
separar a educação da política; 2) Emerge a necessidade de