Table of Contents Table of Contents
Previous Page  77 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 77 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

77

EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS

destaca a “liderança revolucionária de Fidel” e seu papel

fundamental para manutenção do diálogo com as massas

para a transformação da realidade. Segundo Freire, o diálo-

go, dentro do processo revolucionário, promove o aprendi-

zado e potencializa a construção da consciência crítica e seu

processo de luta pela libertação. É o diálogo, portanto, que

costura as aproximações entre Fidel e Freire (costura indig-

nação, revolução e libertação), uma vez que o processo re-

volucionário busca a libertação e, portanto, a superação da

opressão de uns sobre outros por meio da conscientização e

essa, por sua vez, depende do diálogo. “Ela é revolução por

isso”, diria Freire (p. 124), pois há diálogo, há comunicação e

não objetificação. É por meio do diálogo que diferenciamos

opressão de revolução.

A revolução, baseada na ação dialógica, permite que

as pessoas transformem a realidade por meio da pronúncia

do mundo, da discussão e da mediação. Eis aí a dimensão

pedagógica da revolução, que contempla a compreensão e

valorização das diferenças, a abertura para a intercultura-

lidade de forma ativa e reflexiva. A ação dialógica em sua

práxis, conforme Freire, contribui para o processo de cons-

cientização e libertação das pessoas. Ela é “[...] o máximo de

esforço de conscientização possível que deve desenvolver o

poder revolucionário, com o qual atinja a todos, não impor-

ta qual seja a sua tarefa a cumprir” (FREIRE, 2017, p. 156).

Lendo o processo revolucionário cubano a partir de

Freire, compreendemos que a Revolução envolveu a popu-

lação e possibilitou que ela desenvolvesse uma visão críti-

ca sobre o mundo, o processo de aculturação e dominação

do “Golpe de Batista e do Moncada”. Como alternativa à

aculturação, a educação surge como elemento formador da

consciência coletiva, ferramenta para que a população te-

nha consciência de si e construa um cultura revolucionária e

política que permita a manutenção do modelo revolucioná-

rio. Educação, aqui, é conscientização. E essa implica a pas-

sagem da apreensão espontânea da realidade para a leitura

crítica, na ação-reflexão.