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EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Essa provocação pode reverberar (e penso que deve)

na medida em que, ao nos apropriamos desse entendimen-

to, é possível dizer ‘em coro’ com Freire que nos movemos

como educadores porque, primeiro, nos movemos como

gente. Nesse sentido não é possível pensar a educação sem

entender a necessidade de ruptura trazida por ele. Daí mais

uma característica de sua obra: a radicalidade como algo

necessário para a transformação dos educandos de sujeitos

cuja consciência ingênua precisa ser superada, para sujeitos

com consciência crítica.

Ainda que não seja possível desvincular sua produ-

ção teórica de sua militância partidária não cabe mais, em

pleno século XXI, reduzir os desdobramentos de seu modo

de pensar à educação a um simples ato político, sob pena

de, ao fazê-lo estarmos involuindo para o estágio anterior:

a transitivação crítica chamada de consciência ingênua que

mantinha os homens acomodados e domesticados.

Entendo que outros destaques poderiam ser feitos,

mas preciso falar sobre algo que senti, trata-se de uma sen-

sação de

déjá vu

. Não me foi possível deixar de fazer a rela-

ção entre aquilo que você (Paulo) já abordava na década de

1960 com o que estamos vivenciando no Brasil agora (em

2017/2018): um retorno a censura, o resgate de um discurso

hipócrita de autonomia. Forma-se para o trabalho, não para

a reflexão crítica.

Nessa direção é possível retomar Angicos como uma

experiência de alfabetização de 40 dias que permitiu aos

adultos a apropriação da língua escrita e ampliou sua percep-

ção crítica da realidade. Na perspectiva da democratização

fundamental o povo (o coro) emerge, descruzando os braços

e exigindo a ingerência sobre sua vida. Não quer mais assis-

tir, isso não basta. Ele quer participar e deixar de ser objeto

para ser sujeito. Não quer mais ficar imerso no sistema e sim

emergir para participar dele. No discurso de alguns torna-se

“subversivo” porque ameaça à ordem... Na sua visão (Paulo) e

de muitos outros: subjetiva-se, empodera-se!

Fico me perguntando, se você fosse vivo o que esta-

ria pensando hoje? Sobre o que estaria escrevendo? Quais