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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
apêndice da classe dominante [...]” (MARX, ENGELS, 2004, p.
17). É importante destacar que o Estado burguês da época
de Marx e Engels em muito se diferencia dos atuais estados
modernos. O caráter de classe dos Estados atuais não apa-
recem de forma tão simples e não é tão monolítico como
no século XIX. Outra passagem importante na obra de Marx
(2004) que discute a educação e o Estado é a Crítica ao Pro-
grama de Gotha, em que o autor afirma que o Estado deve
financiar a educação mais nunca interferir nos conteúdos a
serem ali ensinados. Isso de ‘educação popular a cargo do
Estado’ é completamente inadmissível. Uma coisa é deter-
minar, por meio de uma lei geral, os recursos para as escolas
públicas, as condições de capacitação do pessoal docente, as
matérias de ensino, etc. e velar pelos cumprimentos destas
prescrições legais [...] e outra coisa completamente diferente
é designar o Estado como educador do povo. Longe disto,
o que deve ser feito é subtrair a escola de toda influência
por parte do governo e da Igreja [...] (MARX, 2004, p. 102).
Em um pronunciamento no Conselho Geral da Associação
Internacional dos Trabalhadores (AIT) Marx (2004, p.108)
reafirma que “o ensino pode ser estatal sem que esteja sob
o controle do governo. O governo pode nomear inspetores
[...] sem que tenham o direito de introduzir-se diretamente
no ensino [...]”. Uma dimensão presente nestas afirmações
de Marx é o fato de que a educação do povo deve ser fi-
nanciada e fiscalizada pelo Estado, mas não cabe ao Estado
a tarefa de dizer como, porque e o que ensinar. Em relação
à experiência vivida na cidade de Porto Alegre pode-se afir-
mar que os gestores extrapolaram o seu papel de financia-
dores e fiscalizadores e acabaram por definir como as esco-
las devem funcionar, as cargas horárias dos componentes
curriculares, o tempo dos mesmos conteúdos, ignorando os
projetos políticos pedagógicos das escolas. Tendo em vista
esse cenário, questiona-se: não estaria o Estado fazendo o
papel de educar o povo? Assim sendo, não estaria invadindo
um espaço próprio dos educadores e dos educandos e seus
familiares? Uma resposta positiva a esses aspectos indica-