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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
tal expressão, assim se faz necessário destacar que o cur-
rículo não é constituído de conhecimentos válidos, mas de
conhecimentos
considerados socialmente
válidos. Há uma
ação consciente de impedir também a validação de outros
conhecimentos que se constituam como pertinentes, pois,
estes são considerados com o estranhamento e o distan-
ciamento para com o Outro, o Colonizado. Como aponta-
do por Ribeiro:
Currículo, objetivos e metodologias da escola ru-
ral estão direcionados para o sistema produtor
de mercadorias, no qual o próprio ser humano é
uma mercadoria descartável e flexível em tempos
de desemprego estrutural e tecnológico. Para a es-
cola básica do campo a memória das lutas e das
experiências produtivas constitui-se na base cur-
ricular, em que se articulam: a produção da vida,
dos alimentos, da sociedade e da ciência. Em con-
traposição ao
conhecimento
científico
que
expulsa
e
subordina
os
agricultores,
a
proposta dos movi-
mentos sociais populares rurais/do campo pensa a
produção de conhecimento científico e tecnológico
socialmente produzido. (RIBEIRO, 2010, p.197).
Neste ponto convergem os debates quanto a deco-
lonialidade e o currículo da educação do campo: uma ação
consciente em direção a descolonização dos currículos cam-
pesinos: “A ação cultural que se orienta no sentido da síntese
tem seu ponto de partida na investigação temática ou dos
temas geradores, por meio da qual os camponeses iniciam
uma reflexão crítica sobre si mesmos, percebendo-se como
estão sendo” (FREIRE, 1979, p.36).
O campo é percebido como território de produção de
vida, de relações sociais biófilas entre os homens e a nature-
za, problematizando também a relação campo e cidade para
além de uma percepção dicotômica. O campo é história e
cultura, lugar de luta e resistência dos sujeitos que ali vivem
e lutam para terem acesso e permanência na terra. É tam-
bém espaço de produção material e simbólica das condi-
ções de existência e de valorização de saberes.