Table of Contents Table of Contents
Previous Page  2219 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 2219 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

2219

EIXO 14 – PAULO FREIRE:

ARTE E CULTURA POPULAR

noções de coisas como uma disciplina específica do progra-

ma das Escolas Normais do Estado. Para Rui Barbosa isso

não era concebível, a lição de coisas não era um assunto

especial no plano de estudos, era um método de estudos,

era uma orientação de ação tendo em vista fins a alcançar,

ou seja, o fortalecimento da intuição sensível, intelectual e

moral da criança e do jovem. Além disso, circulava pelo país

diferentes manuais voltados para as lições de coisas, muitas

vezes, sem uma fundamentação adequada como requeria

Rui Barbosa. Isso reduzia as atividades docentes à descrição

das coisas, algo equivalente ao que Freire chamou de lições

de leitura. No caso, havia uma relativização do papel ativo

da criança e do peso do seu contexto cultural para compor

as alternativas didáticas a serviço da aprendizagem.

BALANÇO FINAL DO ESTUDO

Com a iniciativa da tradução do livro de Calkins, Rui

Barbosa tem muito a ensinar: testemunhou às futuras ge-

rações de educadores, de educadoras, de pesquisadores

em educação de que não há transplante direto de uma

proposta pedagógica de um país para outro, de uma cultu-

ra para outra. Com rara percepção pedagógica, visava for-

talecer a capacidade de observação da criança como uma

forma de fazer germinar a ciência desde a porta de entrada

da escola. Soube aproveitar um momento favorável à ins-

trução primária, considerada tema importante no mundo, e

com a responsabilização do Estado, para trabalhar por sua

difusão, sua obrigatoriedade, laicidade e oferta de ensino a

todos. Rui Barbosa não perdeu a oportunidade para a afir-

mação de uma concepção de educação escolar capaz de

servir adequadamente a países como o Brasil, mesmo que

o poder instituído não demostrasse vontade política para

sua implementação. Naquele momento histórico, países

mais desenvolvidos apresentavam propostas de educação

escolar ainda plenamente capazes de serem incorporadas

em países como o Brasil, marcados por uma população di-

nâmica e comunicativa, mas majoritariamente distante dos