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EIXO 14 – PAULO FREIRE: ARTE E CULTURA POPULAR
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
princípios em que os métodos corretos de ensino têm seu
fundamento” (ibidem, XXIV. Grifo do autor).
Rui Barbosa (1947, X, II, p. 52) seguia na mesma dire-
ção: “educar a vista, o ouvido, o olfato; habituar os sentidos
a se exercerem naturalmente sem esforço e com eficácia;
ensiná-los a apreenderem os fenômenos que se passam ao
redor de nós, a fixarem na mente a imagem exata das coisas,
a noção precisa dos fatos, eis a primeira missão da escola”.
O papel do professor passa a ser fundamental, desde que
não faça em lugar da criança, mas que a ajude a ajustar a sua
apreensão do que está ocorrendo ao redor.
Na tentativa de êxito com este trabalho exploratório,
recorri ao paradigma indiciário, especialmente onde Carlo
Ginzburg (1989:) propõe um trabalho pensante que se move
no sentido de desvendar aspectos obscuros a respeito de
eventos já concluídos. Ginzburg (1989, p. 169) entende que
tal esforço pode ser traduzido em sentido ampliado como
“a capacidade de fazer profecias retrospectiva
s”
. Trabalhos
que se voltam para um movimento retrospectivo partem da
compreensão de que certos indícios podem fazer emergir
aspectos reveladores do passado, elementos de continui-
dade ou rupturas ainda não considerados em toda sua ex-
tensão, em sua riqueza ou, ainda, elucidar acontecimentos
ainda não completamente explorados, ou astutamente rele-
gados ao esquecimento.
Um alerta importante: não importa se o movimento é
prospectivo ou retrospectivo, para o paradigma indiciário,
a tarefa não se completa na habilidade em captar indícios.
O fundamental é caminhar para uma visão de conjunto do
evento, é buscar meios para identificar traços de uma narra-
tiva complexa, ou como diria Ginzburg, buscar não apenas
os fios, ou os fios que estão esgarçados, mas tentar ver os
fios na composição de um tapete, como um todo. Talvez, a
partir dos sinais ou dos efeitos produzidos, capturados, dar
notícias ou interrogar o conjunto de uma obra, onde entram
os esforços de muitas mãos, a partir daquilo que se elegeu
como foco de atenção e ação.