XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
2211
EIXO 14 – PAULO FREIRE:
ARTE E CULTURA POPULAR
DA “LEITURA” DO MUNDO DO
ALUNO PAULO FREIRE ÀS LIÇÕES DE
COISAS, DO SÉCULO XIX: UMA CRÍTICA
PERMANENTE ÀS “LIÇÕES DE LEITURA”
Luiz Gonzaga Gonçalves
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Palavras-chave:
Cultura dos sentidos. “Leitura” do mundo.
Lições de coisas. “Lições de leitura”.
INTRODUÇÃO
Das vezes que me deparei com o texto de Paulo Freire
(2006) para a abertura do Congresso Brasileiro de leitura,
realizado em Campinas, em 1981, intitulado
A importância
do ato de ler,
algo me intrigava quanto ao papel de seus
pais, como primeiros alfabetizadores, e da professora da es-
colinha particular, Eunice Vasconcelos. Havia exatamente um
ponto lacunoso, um lado obscuro, para minha compreen-
são quando Freire (2006, 15) dizia de sua iniciação à escrita:
“a decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do
mundo particular”. Ou seja, ele afirmava ter sido alfabetiza-
do no chão do quintal de sua casa, com as palavras do seu
mundo, e não do mundo maior de seus pais. E mais, dizia
que o chão foi seu quadro-negro, gravetos, o seu giz. Em
sequência, tendo chegado já alfabetizado à escola particular
de Eunice Vasconcelos, dizia que nada mudou: “com ela, a
leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou
uma ruptura com a “leitura” do mundo. Com ela, a leitura da
palavra foi a leitura da “palavramundo” (FREIRE, 2006, 15).
Nummovimento de recuar criticamente às experiências
mais remotas de sua infância, de seu pequeno mundo, em
busca da compreensão do seu ato de ler, Freire celebrou uma
retomada absolutamente significativa do seu passado distan-
te, de seu legado cultural. Nele, emergia um menino marcado
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Professor do CE e do PPGE da UFPB, pós-doutorando em Educação na
UFRGS.
luggoncalves@uol.com.br