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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 14 – PAULO FREIRE:

ARTE E CULTURA POPULAR

pel do professor é o de se colocar a serviço da observação,

da experiência da criança em sala de aula, de modo que cul-

tive sua sensibilidade, seu pensamento, sua inteligência em

comunicação ativa com o mundo que a rodeia.

Rui Barbosa defendia que, dar vazão à capacidade de

observação da criança era fundamental, considerando que:

“o princípio vital da reorganização do ensino, que o país

anela, é a introdução da ciência no âmago da instrução po-

pular desde a escola” (BARBOSA, 1942, p. 33). Adiantado ao

seu tempo, Barbosa projetava nos desafios à sensibilidade

e à inteligência e do aluno, adequadamente apresentados

nas lições de coisas, um embrião da formação científica. No

preâmbulo do manual, ele esclareceu ao leitor que fez mais

do que um trabalho de tradução. Alertou a respeito de seu

dificílimo trabalho de adaptação da obra para o português,

por exemplo, com relação aos sons da linguagem, aos con-

teúdos, e ao nosso sistema métrico decimal. Escrevia Barbo-

sa (CALKINS, 1886, XIV): “na tradução fugi, onde convinha,

a subserviência literal, para ser fiel ao pensamento do texto.

Muitas vezes, quando a reflexão me deparava um equiva-

lente preferível, não duvidei adaptá-lo com as devidas pre-

cauções (...).

Rui Barbosa tinha bastante clareza acerca da escola

a ser combatida e da escola a ser construída. Para ele, as

questões relativas aos processos de aprendizagem, aos fun-

damentos psicológicos da educação, eram decisivas para

superar os fundamentos didáticos e filosóficos tradicionais

(CAVALCANTE, 2014, p. 41). Começava pela preparação pe-

dagógica do mestre para se libertar definitivamente do que

chamava de hábitos escolásticos. Ele alertava: “sob certas

aparências, mais ou menos convencionais, nesta espécie de

ensino, o vício do método antigo pode se reproduzir disfar-

çada e, portanto, ainda mais perigosamente, nas

lições de

coisas

” (1947, II, 211. Grifo do autor). A lição não podia con-

verter-se na palavra doutrinal do mestre, mas dar notícia da

realidade presente, fugir dos questionários estereotipados

dos manuais, fugir do ensino repetitivo e monótono. Caso