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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
utilizar as expressões organização anti-dialógica e organiza-
ção dialógica. Elas apresentaram de modo articulado a teo-
ria, o contexto do surgimento do Movimento e suas práticas
organizacionais.
O contexto no qual surgiram na Argentina os Movi-
mentos de Trabalhadores Desocupados (MTDs) foi a crise
da década de 1990. Esse processo foi “resultado do acúmulo
de decisões políticas, econômicas e sociais que tiveram sua
origem mais imediata na crise da década de 1950, quando a
Argentina converteu-se, quase que exclusivamente, em ex-
portadora de carnes e grãos” (MORAES; MISOCZKY, 2010,
p.85). O país enfrentou uma situação econômica difícil, acu-
mulando dívidas e lidando com o aumento do desemprego,
da pobreza e da inflação. Para amenizar a pobreza e a fome
da população, implantou medidas assistencialistas. Sem
condições de manter a própria vida, a população argentina
passou a se mobilizar em protestos contra as situações-limi-
tes que viviam naquele momento.
Desse processo se constituíram, na Argentina, os
MTDs. Estes se organizavam por bairros ou municípios, pro-
testando por meio do bloqueio de vias contra o desempre-
go, decidindo em assembleia, criando uma nova identidade
– a de piqueteiros. Essas organizações, embora se sustentas-
sem sobre os mesmos pilares (trabalho territorial, autono-
mia e horizontalidade), tiveram suas práticas e objetivos or-
ganizacionais construídos de diferentes maneiras, podendo
gerar diferentes resultados (MORAES; MISOCKZKY, 2010).
Após se inserirem como sujeitos na história e come-
çarem a agir em co- laboração, os piqueteiros precisavam
se relacionar com os organismos governamentais e pen-
sar a questão da distribuição dos planos sociais (estratégia
de manipulação dos conquistadores). Diferente de outros
MTDs, o MTD de la Matanza não aceitaram os planos sociais
sob o argumento que os institucionalizariam como pobres.
Em diálogo com outra organização - as Mães da Praça
de Maio - o grupo começou a problematizar e desmitificar
a realidade, descobrindo que podiam muda-la com ações