XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1995
EIXO 12 – PAULO FREIRE E EDUCOMUNICAÇÃO
articular um pensamento distanciado do fluxo de informa-
ções, o que compromete a frequência do diálogo e, con-
sequentemente, a própria emancipação do saber coletivo e
intersubjetivo. Para que o diálogo aconteça, segundo Freire
(1980), precisa-se pensar, falar, ouvir, refletir, para que as-
sim os sujeitos possam tomar distância do imediatismo das
ações, dos ativismos práticos, para transformar a si mesmos
e o mundo, impulsionados pela linguagem motivadora da
ação. É através do diálogo que o conhecimento pode alcan-
çar o melhor argumento extraído de um debate sem pressa
ou coerção entre os dialogantes. Nesse sentido, a educação
precisa aperfeiçoar a capacidade de relação emotiva e diá-
logo para (re)aprender de forma reflexiva e transformadora,
seja no mundo atual ou virtual.
Com os artefatos tecnológicos, para que exista o diá-
logo entre os participantes que buscam alcançar o consenso
de algo é necessário que façamos reconstruções em sala de
aula e uma autocrítica sobre os usos (jamais neutros) que
são feitos, para acontecer o diálogo e a revisão constante de
saberes, implicando em um compromisso investigativo das
práticas sociais vigentes. Nesse sentido, Freire oferece para
a educação pressupostos à (re)construção de relações inter-
subjetivas, visto que não é possível conceber um desenvol-
vimento cognitivo separado das interações entre as pessoas.
Freire destaca a educação como um ato político de comuni-
cação, pois a comunicação “implica uma reciprocidade que
não pode ser corrompida”. (FREIRE, 2001, p. 67). Essa comu-
nicação é essencial ao ser humano por conviver através de
relações, tendo em vista que “a educação é comunicação, é
diálogo, na medida em que não é a transferência de saber,
mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a
significação dos significados” (FREIRE, 2001, p. 69). Tal con-
cepção faz reacender a necessidade de questionar a atuali-
dade manifestada na incapacidade para as interações entre
os sujeitos, sob as condições da sociedade moderna que
opacifica os sujeitos das inter-relações humanas, recaindo
em visões individualistas, autocentradas e afastadas do co-