1990
EIXO 12 – PAULO FREIRE E EDUCOMUNICAÇÃO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Freire (2005, p. 93) destaca que “se alguém não é ca-
paz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é
que lhe falta ainda muito que caminhar para chegar ao lugar
de encontro com eles”. Nos ambientes de encontro e reco-
nhecimento recíproco, nos círculos de cultura ou através do
dialógico, “não há ignorantes absolutos, nem sábios abso-
lutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais”
(FREIRE, 2005, p. 95). Nesta perspectiva, Freire destaca que
não existe diálogo sem o amor do falar e do ouvir o outro,
pois é da linguagem que surge o conhecimento, que está na
capacidade de interpretar com autonomia e ler as realidades
da sociedade. Freire destaca que para o diálogo acontecer
é preciso uma fé nas pessoas, através da capacidade de (re)
inventar e praticar a estima social, como um elemento pre-
ciso antes de qualquer diálogo. Afinal de contas, pessoas
dialógicas e com a capacidade crítica têm ciência de que
podem transformar o mundo e transforma-se na experiên-
cia da solidariedade que encoraja o outro a (re)aprender na
tolerância e no interesse afetivo do reconhecimento e da
autoconfiança.
O diálogo nos fornece possibilidades para a utopia
esperançosa, pois não há diálogo sem a esperança que fre-
quenta a busca de mudanças para os avanços e melhorias
da vida humana. Conforme Freire (2005, p. 95), “movo-me
na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, es-
pero”, não de forma ingênua, acomodada e receptora, mas
possuindo a capacidade de saber discutir conteúdos e reno-
vá-los permanentemente, através da geração de um pensar
e agir crítico, pois não há o diálogo verdadeiro sem a au-
toestima e abertura ao pensar do outro. Freire observa que
a capacidade de diálogo é a abertura ao olhar e escutar o
outro, à inquietação e à curiosidade de aprender e trans-
formar com o outro, indo além da uniformização ou homo-
geneização das consciências, “porque os sujeitos dialógicos
não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e
assim crescem um com o outro. O diálogo, por isso mesmo,
não nivela, não reduz um ao outro. Nem é favor que um faz