XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1991
EIXO 12 – PAULO FREIRE E EDUCOMUNICAÇÃO
ao outro” (FREIRE, 2006, p. 118). Na perspectiva freireana,
é através da relação de diálogo que se dá início ao ato de
ensinar com as ações participativas de pesquisa e de (re)ela-
boração própria e coletiva, nas quais somos ativos, autôno-
mos e motivados a (re)conhecer ações, interpretações como
autores do conhecimento social. A autonomia faz parte dos
processos educativos juntamente com a capacidade de au-
torrespeito e (auto)crítica, de auxiliar os estudantes a cria-
rem o hábito de fazer leituras e relações no ato de aprender.
Esse diálogo não pode reduzir-se a uma postura de impor
ideias ou apenas trocá-las, ou seja, “o diálogo não pode
converter-se num bate-papo desobrigado que marche ao
gosto do acaso entre professor ou professora e educandos.
O diálogo pedagógico implica tanto o conteúdo ou objeto
cognoscível”. (FREIRE, 2006, p. 118).
Aprender a decodificar a realidade implica motivação,
que confere a busca de sentido e esforço ao envolvimento
no diálogo enquanto troca recíproca e autocriação, o que
requer resistência crítica que se distingue de um desempe-
nho, visando a concorrência argumentativa em que o obje-
tivo é o convencimento, mas como sujeitos de capacidades.
Por essa lógica, em uma sociedade opressora, as possibi-
lidades de diálogo são atrofiadas através de informações
desconexas e sem sentido, pois só ocorre “entre iguais e di-
ferentes, nunca entre antagônicos”. (FREIRE, 2005, p. 123). A
ideia da educação problematizadora instiga no educando a
capacidade de pensar através de questionamentos, de bus-
cas por respostas diferentes à educação tradicional, chama-
da de
bancária
, que apresenta o conhecimento pronto para
o educando, com perguntas e respostas únicas. A proble-
matização pode partir do educador e do educando, porém,
precisa ser retroalimentada sempre em constantes diálogos
com as diferenças culturais.
Para Freire, o diálogo surge do encontro com o outro
e este não vive sem tal prática, já que o diálogo humaniza
e o torna crítico do mundo em que vive, podendo assim
transformá-lo, pois não há transformação, nem compreen-