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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
graça. Ao final, justifica: o mundo perdeu a graça, pois ele vê
com olhos de poeta, que conhece a beleza, entretanto, não
a vê no mundo.
No primeiro quarteto, o eu lírico afirma ter conhecido
a beleza que não morre, contudo, ficou triste. Em seguida,
compara o sentimento com elementos da natureza como “a
serra mais alta”, “o mar”, “a maior nau” e “torres”, destacan-
do a grandiosidade desses elementos e a possibilidade de
ver tudo.
No segundo quarteto, afirma que vê os elementos di-
minuindo e diluindo sob a luz. Explica que desse jeito perce-
beu o mundo e o viu perdendo a cor. Esse último, ele com-
para com uma nuvem no pôr do sol. No primeiro terceto,
o eu lírico diz que pediu para a forma, as ideias puras, o
tropeço, as sombras do mundo, entretanto somente encon-
trou a imperfeição. No último terceto, explica o porquê dos
seus sentimentos, pois ele é poeta que vive entre as formas
incompletas e, por isso, ficou pálido e triste.
Quanto à estilística do poema, o paradoxo aparece em
elementos que se anulam, como o conhecimento da bele-
za e o sentimento de tristeza. A personificação também é
encontrada ao mencionar a “nuvem” que “erra”. No que diz
respeito à musicalidade, citamos as rimas ABBA/ABBA/CCD/
EED entre verbos, substantivos e adjetivos. Esses elementos
permitem ao leitor a relação com a realidade e a compreen-
são do texto também pela sonoridade, que contribuem para
a leitura e interpretação do texto.
As frases estendem-se por meio de, no mínimo, dois
versos, e, no máximo, sete. Dessa forma, visualizamos a ora-
ção em continuidade de uma estrofe para a outra, sugerindo
tom de conversa com o leitor.
A tristeza e o tormento são marcados por palavras
como: “triste”, “mingua”, “fundir-se”, “perder a cor”, “erra”,
“em vão”, “tropeço”, “imperfeição” “formas incompletas” e
“pálido”. Percebemos também a presença de elementos da
natureza, que contribuem para o vínculo entre o conheci-
mento do sujeito poético e do leitor, como “serra”, “terra”,
“mar”, “nuvem”, “pôr do sol”.