XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1609
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
A relação com a realidade pode ser estabelecida de
diferentes maneiras. Alguns leitores podem lembrar-se das
belezas do mundo, outros dos problemas e desigualdades
sociais. Freire (2010) indica que a “boniteza” do mundo tam-
bém deve estar presente na educação e, nesse sentido, a
poesia pode trazer muitos exemplos.
Moisés (2011), ao analisar o poema nos comentários
finais da seção, afirma que conhecer algo imortal não é
concebível, pois tudo que é do conhecimento humano é
perecível, logo, a “Beleza que não morre” só existe na men-
te do poeta, e tudo o que existe além dela é duro e sem cor,
por isso “Tormento ideal”, pois o eu lírico deseja e espera
o que não pode ter. Ao final do poema, explica o porquê
de sua condição: “Recebi o batismo dos poetas”. Assim, de
forma implícita, percebemos que ser poeta é viver em meio
a miragens como a beleza imortal, e desejar o impossível,
ainda que saiba da impossibilidade de conseguir. Para Llo-
sa (2004) e Paz (1982), a poesia não tem, necessariamente,
compromisso com a realidade, e sim, com o que poderia
existir para o eu lírico. Fabular, como também afirmou Cân-
dido (2011), faz parte do viver humano, de nosso desejo de
ser mais.
O poema demonstra visão ressentida sobre a socieda-
de e a beleza que o eu poético não vê no mundo. É o reflexo
real dos sentimentos de forma artística. Pela arte da palavra,
o autor revela a sua posição frente à sociedade: ser poeta
e triste por viver entre tantas coisas que ele julga estarem
incompletas. Assim, identificamos na poesia a aceitação da
sociedade por parte do eu lírico, ainda que essa sociedade
seja um tormento, característica própria do Realismo.
O ser humano tem suas diferentes ocasiões de tor-
mento; nem todos são idealizados como o do eu lírico, mas
nos trazem aprendizagens que podem ser relacionadas com
a poesia. Dessa forma, a interação com ela, por meio do
tema, pode contribuir com o conhecimento do mundo, do
ser humano, das diferentes emoções que alguém pode sen-
tir, expressar e se identificar.