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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1607

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

Tormento ideal

Conheci a Beleza que não morre

E fiquei triste. Como quem da serra

Mais alta que haja, olhando aos pés a terra

E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,

Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;

Assim eu vi o Mundo e o que ele encerra

Perder a cor, bem como a nuvem que erra

Ao pôr-do-sol e sobre o mar discorre.

Pedindo à forma, em vão, a ideia pura,

Tropeço, em sombras, na matéria dura,

E encontro a imperfeição de quanto existe.

Recebi o batismo dos poetas,

E, assentado entre as formas incompletas

Para sempre fiquei pálido e triste.

O título do poema sugere que o assunto a ser trata-

do será algo que atormenta o eu lírico. Entretanto, o uso

da palavra ideal, que indica algo perfeito, impecável, parece

não combinar com o tormento, o que pode incitar o aluno

a iniciar a leitura para ver do que se trata. Mesmo o Realis-

mo caracterizando-se pela impessoalidade e objetividade,

conforme mencionamos, o eu lírico demonstra sentimentos

pessoais como a tristeza. Entretanto, a aceitação da realida-

de, o pessimismo e o cuidado com a forma estão presentes

no texto, conforme veremos a seguir.

Quanto à estrutura, o poema assume a forma de sone-

to, o que pode possibilitar a organização mental, conforme

defendido por Ramos (2013). Neste soneto, inicialmente, o

eu poético afirma ter encontrado a beleza que não morre,

mas ficou triste, em vez de ficar feliz. Assim, como no títu-

lo, o texto já começa com palavras de campos semânticos

que parecem indicar oposição. Em seguida, ele explica que

depois de conhecer tal beleza, o resto do mundo perdeu a