XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 8 – PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)
sões principais, 1- colonialidade do poder; 2- colonialidade
do ser; 3- colonialidade do saber (LANDER, 2005). Mesmo
compreendendo que as três esferas estão intimamente co-
nectadas e não podem ser pensadas de forma isolada, em
função do estrito espaço de diálogo, para a construção do
argumento aqui apresentado, iremos focar somente na ter-
ceira dimensão da colonialidade. Nesse sentido, a coloniali-
dade do saber se dá na própria concepção do saber, a par-
tir de categorias científicas eurocentradas. A autora indiana
Shiva (2003) problematiza que a construção do saber do-
minante é, essencialmente, ocidental e ocidentalizante, em
suma, colonialista (SHIVA, 2003, p. 21). A pensadora entende
as monoculturas do agronegócio como metáforas propícias
para observar a falta de aceitação da diversidade de formas
de construção do conhecimento mundial. As monoculturas
da mente, como são chamadas pela autora, se prestam para
investigar a violência epistêmica infringida contra as formas
tradicionais e locais de conhecimento, considerados pelo
cientificismo dominante como “saberes menos” ou, ainda,
“não saberes”.
Na busca de pensar diferentes formas de opressão,
Paulo Freire constrói o conceito de “Cultura do silêncio”, que
resume a impossibilidade de homens e mulheres de serem
cidadãos políticos E, consequentemente, tornarem-se inca-
pazes de interferência nas realidades colonizantes nas quais
estão inseridos. A “Cultura do silêncio” acaba sendo reflexo
das ações de dominação da sociedade autóctone pelos (as)
colonizadores (as), construindo sujeitos silenciados e barra-
dos do direito de expressar suas formas de percepção/ ação
no/ com o mundo. Em outras palavras, a colonialidade nega
a capacidade da pessoa de agir e ser autêntica.
Contudo, a “Cultura do silêncio” não implica no “não-
-saber”, mas na submissão de homens e mulheres à uma
situação manipuladora. Freire aponta que, para a constru-
ção da “Cultura do silêncio”, é preciso um esfacelamento do
saber crítico. Freire aponta a objetificação dos (as) oprimi-
dos (as) como um processo pelo qual as pessoas passam a