XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
É preciso conceituar o que compreendemos por Esta-
do. De acordo com Paulo Freire, o Estado é histórico e mar-
cado por contradições, estando condicionado nas relações
hegemônicas provindas do capitalismo, mas não está deter-
minado a elas. Por isso, “Não aceito certa posição neoliberal
que vendo perversidade em tudo que o Estado faz defende
uma privatização sui generis da educação.” (FREIRE, 1993, p.
77). Essa é a força hegemônica, considerada por Freire como
criminosa. E, diante da avalanche neoliberal cabe a nós, con-
forme esse educador, a luta política-pedagógica de resistir
contra a malvadez do mercado.
Os neoliberais ao vender a campanha da crise do Es-
tado dizem ser necessária uma reforma desse Estado, cuja
alternativa é a utilização dos meios de comunicação hege-
mônicos para fomentar e construir um consenso de que o
Estado está falido e que, portanto, a saída da crise é o mo-
vimento de privatização do público. No Brasil, essa tendên-
cia segue as recomendações do Consenso de Washington:
reforma fiscal, abertura comercial, política de privatizações
e redução fiscal do Estado, e inicia-se nos primeiros anos de
1990. Além desse documento, nosso país se referencia pe-
las diretrizes do Banco Mundial (BM), do Fundo Monetário
Internacional (FMI), da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) e United States Agen-
cy for International Development (USAID).
Para resumir, a Reforma do Estado orienta-se pela teo-
ria do livre mercado como modelo de organização societal.
Deste modo, o Estado passa a ser instrumento necessário
para o desenvolvimento dos valores e interesses do merca-
do. Para tanto, propõe-se um novo modelo de gestão a par-
tir da égide empresarial: planejamento por metas e desem-
penho, avaliação com padrões e indicadores de qualidade
por competências, a transferência da execução da política
social para o setor privado na lógica do gerenciamento regi-
do por resultados, terceirização de serviços públicos com o
slogan da parceria ou regime de colaboração na superação
da pobreza e a democratização do conhecimento.