94
VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2: MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
periência de ser negra é vivenciada através do
gênero. Pois, “nosso gênero é constituído e repre-
sentado de maneira diferente segundo nossa lo-
calização dentro de relações globais de poder”
(BRAH, 2006, p. 341).
Com isso, corroboramos com Avtar Brah ao
entendermos que toda a formação discursiva é
um lugar de poder e o poder é constituído, na alta
modernidade, performaticamente nas práticas
políticas e culturais e, através delas,
as subjetividades de dominantes e do-
minados são produzidas nos interstícios
desses múltiplos lugares de poder que
se intersectam. (...) Mas, se a prática
é produtiva de poder, então é tam-
bém um meio de enfrentar as práticas
opressivas do poder. (id., p. 373 – 374)
A partir de tais reflexões, entendemos que
se o fortalecimento de uma forma de opressão le-
var ao fortalecimento de outra, as relações sociais
continuarão problemáticas. No entanto, o desa-
fio não é o fortalecimento de opressões, e sim, a
forma de enfrentá-las a partir de estratégias que
entendam como elas se interconectam e articu-
lam. Dentro da opressão de gênero, por exemplo,
se estruturam outras modalidades específicas de
opressão, modeladas por outros sistemas sociais
que com gênero se intersectam, no nosso con-
texto é o marcador de raça e de pertencimento
social. Desta forma, seria insuficiente analisarmos
as experiências das jovens estudantes negras ape-
nas centradas em um tipo de marcador social da
diferença.
Palavras-chave:
Gênero. Raça.
Interseccionalidade.