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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2:
MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
e alarga as teorias da colonialidade/modernida-
de de Quijano/Dussel e Mignolo, questionando o
uso raso das perspectivas de gênero e a univer-
salização inconsequente da categoria mulher. O
conceito sistema moderno/colonial de gênero
alarga os importantes aspectos produzidos pelos
teóricos do projeto decolonial, inserindo o gênero
e a sexualidade como marcadores essenciais em
conjunção com a raça para compreender a infe-
riorização, subalternização e desumanização das
corporalidades na colonialidade desde 1492 (in-
vasão de Abya Yala) até a contemporaneidade.
No terceiro e quarto subtítulos, intitulados
respectivamente, “Gloria Anzaldúa e Silvia Cusi-
canqui: Abya Yala e as fronteiras”, e “Lélia Gonza-
lez e Sueli Carneiro: Amefricanidade e enegrecer
o feminismo”. Entendendo a imprescindível impor-
tância para a produção do feminismo decolonial a
herança teórica e epistemológica que estas qua-
tro pensadores desenvolveram e desenvolvem em
suas localidades e a partir de suas corporalidades.
Gloria Anzaldúa nos expõe um corpo fragmenta-
do, de fronteira, onde as identidades de mulher
indígena, lésbica e universitária são atravessadas
por fiscalizações e normatizações das linhas que
dividem os Estados Unidos do México, criando a
partir desta complexidade os conceitos de
cons-
ciência mestiça
e
língua selvagem
. Já Silvia Cusi-
canqui politiza o aspecto da mestiçagem na Bo-
lívia por meio do conceito aymara de
Chixi
, que
seria o terceiro elemento, a cor cinza, o misturado,
manchado. Através da ideia de
Chixi
, Cusicanqui
coloca em evidência as contribuições indígenas
e uma nova maneira de pensar o ser colonizado.
Sueli Carneiro e Lélia Gonzalez direcionam a dis-
cussão para o Brasil problematizando a ideia de