994
EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
como tempo perdido, contudo, ele afirma que “não há que
considerar perdido o tempo do diálogo que, problematizan-
do, critica e, criticando, insere o homem em sua realidade
como verdadeiro sujeito da transformação” (FREIRE, p. 63,
2015b).
É com o diálogo e só através dele que se consegue es-
tabelecer um pensamento reflexivo e uma ação problemati-
zadora no processo de ensino e aprendizagem, por isso que
se aposta nele para uma
práxis
2
crítico emancipatória no EC.
DIÁLOGO E O ENSINO DE CIÊNCIAS
Como ação que permite a problematização e reflexão
de temas geradores, assuntos, conteúdos e falas significati-
vas o diálogo pode ser compreendido com uma metodolo-
gia de ensino-aprendizagem. Freire em algumas entrevistas
destaca não existir o “método Paulo Freire”, mas que o diá-
logo é o único método na sua
práxis
.
No EC o diálogo assume um papel bastante impor-
tante, que é de questionar, problematizar o conteúdo cien-
tífico que na grande maioria das vezes é tomado como
uma verdade irrefutável. Paulo Freire (2015a, 2015b) sa-
lienta que o diálogo também se configura como uma for-
ma de compreender a indiscutível relação com a realidade
concreta, a fim de explicá-la e então ter a possibilidade
para transformá-la.
O que se pretende com o diálogo não é que o edu-
cando reconstitua todos os passos dados até hoje
na elaboração do saber científico e técnico. Não é
que o educando faça adivinhações ou que se entre-
tenha num jogo puramente intelectualista de pala-
vras vazias (FREIRE, p. 65, 2015b).
Fica evidente que neste caso o diálogo deve estar
comprometido com a problematização, pois assim se de-
senvolve uma postura crítica e que possibilita a compreen-
2
Pode ser entendida como a estreita relação que se estabelece entre um
modo de interpretar a realidade e a vida e a consequente prática que de-
corre desta compreensão, que leva a uma ação transformadora. (ROSSATO,
2010, p.325)