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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
educação como formadora da consciência nacional
e instrumentalizadora de profundas transforma-
ções político-sociais na sociedade brasileira, como
possibilidade de emancipação humana (BRANDÃO
e FAGUNDES, 2016, p. 92).
Claramente, os ‘círculos de cultura’ foram pensados
por Paulo Freire com posição de enfrentamento aos mode-
los conservadores de sociedades fechadas, declarando pro-
cedimentos de ensino situados por práxis emancipadora,
com o propósito de “romper com o predomínio elitista da
cultura” (BRANDÃO e FAGUNDES, 2016, p.92). Aliás, este fora
o contexto que disponibilizou “as expressões cultura popu-
lar, educação popular e educação de base [...] como bem
cultural de acesso a todo povo” (Loc.cit.). Contudo, como
assinalou Osmar Fávero (1983) estes termos, já naqueles
tempos, não eram novos. A discussão acerca da “elitização
da cultura e o acesso do povo aos bens culturais” (Op.cit.,
p.7) se constituíra de tema recorrente na França enquanto
que “nos países socialistas, da China até Cuba, a revolução
cultural era uma palavra de ordem” (Loc.cit.). O que fora sin-
gular ao contexto brasileiro daqueles anos fora a aproxima-
ção política entre cultura popular e as práticas educativas
orientadas ao processo de libertação humana – uma cultura
como prática da liberdade (FREIRE, 1976).
De qualquer maneira, há algo que não se deve negar,
as práticas desenvolvidas no Brasil, no Nordeste brasileiro,
em Recife dos anos de 1960 (MCP), foram delimitadas por
valores democráticos atribuídos à cultura – o que Jomard
de Brito (1983, p.153), com o esforço de ‘unificação da cul-
tura’, denominou de “democratização cultural
6
”. Nas pala-
vras de Carlos Brandão e Maurício Fagundes (2016, p.93) a
cultura popular enquanto luta pela libertação humana se
expressa na
6
Escreveu Jomard de Brito (1983, p.153): “Numa sociedade que se demo-
cratiza, as suas elites culturais tendem a insistir na urgência da ‘educa-
ção de massas’, tanto quanto no sentido de ‘extensão da cultura’ – e a
síntese dessas duas tendências se afirma como
democratização cultural
[...] – quando se transita de uma cultura de subsistência para uma cultura
reflexiva, confirmando-se o impulso criador do homem”.