XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
que se expressa com a identidade humana em se alongar
do ‘mundo natural’ “que não [fez], em um mundo cultural e
histórico” (FREIRE, 1998, p. 94/grifo nosso), maneira com a
qual o ser humano se diferencia de todas as outras espécies
de animais, inscrevendo-se num permanente “processo de
aprender e buscar” (Loc. cit).
Enquanto dimensão histórica, no Brasil os ‘círculos de
cultura’ vão emergir da crítica que possibilitara a compreen-
são do movimento de culturas dos anos de 1950 a 1960.
Movimento constituído no âmago das contradições políti-
co-sociais deflagradas por deferentes frentes de poder em
contexto mundial influenciando o que ficou conhecido por
‘redemocratização’ brasileira. Este movimento transitara,
dialeticamente, por dentro da sociedade brasileira ora mais,
ora menos favorecida por argumentos da libertação das
amarras do tempo de colonização e Império.
Em
Educação e atualidade brasileira
(1959) Paulo Frei-
re enfatizara a dimensão da educação marcadamente cons-
tituída por dois polos opostos e contraditórios. Um orien-
tado por certo conservadorismo político influenciado pela
manutenção da burguesia no controle das ações públicas,
próprio aos modelos de sociedades fechadas
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, como “um
dos pontos de estrangulamento de nossa democratização”
(FREIRE, 1967, p. 74). Outro, em oposição, se erguia enquan-
to superação da ‘inexperiência democrática’ exigindo trans-
formação social mediada por educação como prática po-
pular, uma que elevasse o povo ao processo de tomada de
decisão na vida pública.
Naquele tempo o Brasil se juntava a outras nações
condicionado por mudanças em seu plano educacional.
Para além da proposta curricular e do entendi-
mento de educação como preparadora de recur-
sos humanos para a indústria e modernização da
agropecuária, coexistia, também, a concepção de
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“Situamos a sociedade ‘fechada’ brasileira colonial, escravocrata, sem
povo, ‘reflexa’, antidemocrática, como ponto de partida de nossa fase de
transição. Salientamos que esta, como um tempo anunciador, era o palco
em que a nova época se engendrava na anterior” (FREIRE, 1967, p. 73).