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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
tura, geralmente familiar, consolidada há algum tempo e se
utilizam de recursos locais, tecnologias apropriadas ao ecos-
sistema local, atendendo a novas demandas alimentares da
população em termos de hábitos culturais e saúde.
Na visão de Diesel
et. al
. (2005), as agroindústrias de
estrutura familiar carregam consigo um sentido além do
meramente econômico, e sim cultural porque reproduzem
no processamento de alimentos um saber herdado de pai
para filho, como um patrimônio familiar, e que vem reconfi-
gurando, por suas características peculiares, todo um atrati-
vo ao desenvolvimento rural.
Para Ploeg (2008), as agroindústrias rurais surgem em
função da ação dos próprios agricultores familiares, que
buscam saídas à crise de um padrão de fazer agricultura an-
corado em processos de mercantilização do espaço rural,
em economias de escala e com intenso uso de recursos e de
tecnologias externas às unidades de produção. Estas inicia-
tivas são conduzidas por núcleos familiares em que os as-
pectos do grupo doméstico são centrais na sua viabilização,
como a estrutura familiar, os conhecimentos tácitos e con-
textuais históricos dos membros (o saber fazer), o trabalho
familiar, as estratégias da família, entre outros aspectos.
Assim sendo, a criação das agroindústrias familiares
de pequeno porte de processamento artesanal teve a sua
iniciativa baseada nos conhecimentos herdados pelos agri-
cultores familiares, na produção, na elaboração e no proces-
samento de alimentos, surgindo em uma região em que a
agricultura familiar, já existente e de posse desses agricul-
tores, permitiu o uso de matérias-primas ao processamento
artesanal na agroindústria. Dessa forma, percebe-se que as
iniciativas à criação das agroindústrias ocorreram pelos pró-
prios agricultores familiares porque já possuíam na família
essas unidades de processamento, o que não caracteriza a
criação dessas unidades pelo incentivo à implantação ofe-
recido pela PEAF na Lei 13.921. Mas, como é desenvolvida
a gestão das mesmas? Há estratégias para nelas serem in-
seridas a fim de serem mais rentáveis e socialmente justas?