XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:
RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
tivo frente à sociedade de classes, justificando, in-
clusive, o embate no seu interior pela disputa desse
saber. (VALE, 2001, p. 18)
Isto aconteceu com os educandos do Projeto após
retomarem os seus estudos. Sua autoestima elevou-se visi-
velmente por conta da importância que o retorno a escola
passou a ter na vida deles. Hoje, eles sentem-se preparados
para desenvolver um número maior de atividades cotidia-
nas, o que antes de estarem inseridos numa sala de aula não
se sentiam capazes, como por exemplo a luta pelos seus
direitos.
Citamos um exemplo ocorrido ao longo do ano de
2011, com as pescadoras da cidade do Rio Grande, as quais
sempre tiveram o direito de receber um seguro desemprego
durante o período de defeso, em que não é permitida a pes-
ca. Neste ano, tal benefício foi negado impossibilitando o
sustento de suas famílias e, ao invés de ficarem indiferentes
a tal situação, essas mulheres foram atrás dos seus direi-
tos. Muitas das envolvidas no manifesto em um ato público
eram estudantes do Projeto Educação para Pescadores.
Este foi um momento de grande orgulho para todos
os educadores do Projeto que viram suas educandas dan-
do entrevistas aos jornais e programas de rádio e TV locais,
com discursos, ideais e objetivos bem definidos, com con-
vicção, autoestima, empoderamento e muita determinação.
Ainda sobre o reflexo da educação nos jovens e adul-
tos que retomam seus estudos, podemos citar:
A educação de adultos visa a atuar sobre as mas-
sas para que estas, pela elevação de seu padrão de
cultura, produzam representantes mais capacita-
dos para influir socialmente. Seria atitude ingênua
acreditar que basta instruir os elementos mais des-
tacados, supondo que estes irão depois modificar
a massa. Em verdade, o caminho assinalado pela
consciência crítica é o oposto. Não é o homem que
se eleva que eleva consigo o mundo, e sim o mun-
do que se eleva que eleva consigo o homem. (PIN-
TO, 2005, p. 83-84)