373 / 2428
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
373
EIXO 3 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, TÉCNICA, TECNOLÓGICA E SUPERIOR
personalista com o olhar voltado à dignidade do ser huma-
no independente, como um dos principais pontos contra
opressão social, imposta pelo capitalismo moderno. Para
ele, o uso das tecnologias, revestido de “modernidade”, car-
regadas com o viés ideológico dominante, com o sentido de
exacerbação do individualismo, produtivismo e consumis-
mo, não produz nada novo do ponto de vista ao respeito à
condição humana. Muito pelo contrário, tecnologias como
dispositivos móveis de última geração, automóveis de alta
performance, elementos autômatos utilizados em substitui-
ção ao trabalho humano para o simples aumento da lucrati-
vidade, alimentos geneticamente modificados, entre outros,
são exemplos de uma lógica mercadológica perversa que
continua repetindo um processo histórico onde a centrali-
dade do sujeito é desacreditada e o uso dessas tecnologias
são impostas de uma forma onde não há diálogo ou adap-
tação ao contexto cultural.
Paulo Freire embora não se considerasse um homem
que dominasse os aspectos técnicos, não se furtou a en-
trar no diálogo sobre as tecnologias. Para ele, as tecnologias
estão entre as principais “expressões da criatividade huma-
na”
8
. Por outro lado, ele vê com certa restrição e cuidado o
uso desenfreado das tecnologias quando diz: “Mas o que é
preciso é que o avanço tecnológico não constitua uma im-
posição ou uma invasão cultural.”
9
Ele também sugere que a
base para o desenvolvimento tecnológico parta das neces-
sidades locais e coletivas: “Toda tentativa de formular uma
nova concepção, uma reorganização do desenvolvimento,
deve partir do conhecimento e das técnicas que o povo de-
tém, para responder a essas necessidades.”
10
Freire separa
claramente as questões técnicas das questões políticas, em
relação às tecnologias quando estas são utilizadas como
meios de alienar e dominar:
8
FREIRE, Paulo.
A máquina está a serviço de quem?
Revista BITS, maio de
1984.p.6.
9
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da Pergunta
. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1998.
p.53.
10 IDEM. p.53.